Salão Imobiliário de São Paulo abre com otimismo, apesar da crise internacional

25/09/2008 - 20h40

Vinicius Konchinski
Repórter da Agência Brasil
São Paulo - As bases da economia brasileira e as medidas de incentivo à habitação, já em vigor antes do início da crise financeira internacional, devem garantir o crédito para o setor imobiliário. Foi a avaliação do presidente do Sindicato da Habitação do estado (Secovi-SP), João Crestana, feita hoje (25) na abertura do Salão Imobiliário de São Paulo 2008.O evento é o maior do setor imobiliário da América Latina. Até domingo, cerca de 180 construtoras, imobiliárias, bancos e outras empresas do setor estarão reunidos no Pavilhão de Exposições do Anhembi, zona norte da capital paulista, oferecendo seus produtos e negociando casas, apartamentos e salas comerciais, com preços que variam de R$ 60 mil a R$ 4,3 milhões.A expectativa é que cerca de 50 mil pessoas passem pelo evento e 43 mil imóveis sejam negociados. São 8 mil imóveis a mais do que no salão do ano passado, apesar de todo o clima de incerteza presente na economia internacional."A crise vai afetar o mundo todo, com certeza. Mas o Brasil não sofrerá tanto”, avaliou Crestana, em entrevista à Agência Brasil. “O Brasil tem sólidas bases econômicas e medidas já tomadas para incentivo à habitação devem garantir o crédito.”Ele lembrou que a legislação nacional obriga que parte do dinheiro depositado em cadernetas de poupança e no Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) seja destinado ao financiamento imobiliário. Esses recursos têm um custo fixo para os bancos e, devido a isso, mesmo com a tensão no mercado, não deixarão de ser emprestados.Para Crestana, os juros dos financiamentos também não devem subir muito, apesar das consecutivas elevações da taxa Selic. Ele explicou que a maioria dos contratos do setor tem como indexador a Taxa Referencial (TR). Essa taxa sobe com a alta da taxa básica de juros, porém não aumenta na mesma proporção, dando, assim, um alento aos mutuários.Segundo o presidente do Secovi-SP, se há algo que preocupa o setor, é a inflação. O custo do material de construção, por exemplo, pode inviabilizar negócios e paralisar o setor, que, atualmente, cresce de forma acelerada.De acordo com o diretor de incorporação da Odebrecht, Paulo Melo, o Índice Nacional de Custo da Construção (INCC) acumulado, neste ano, é de cerca 10%. Nos últimos 12 meses, o INCC atingiu 12%. “Se o custo sobe, a indústria acaba repassando o aumento para o consumidor”, afirmou. “Com isso, todos acabam perdendo.”Crestana disse que o setor imobiliário vai procurar fábricas de materiais de construção para negociar manutenção dos preços. Ele disse, entretanto, que, se os preços não baixarem, construtoras e incorporadoras vão buscar suas próprias soluções. “Vamos montar cooperativas para as compras e, se for necessário, importar cimento, ferro, etc.”