Ex-ministro apóia ajustes feitos pelo Congresso dos EUA no pacote de socorro aos bancos

25/09/2008 - 18h19

Alana Gandra
Repórter da Agência Brasil
Rio de Janeiro - O acordo fechado pelos congressistas norte-americanos para aprovar o pacote de socorro ao mercado financeiro daquele país, no valor de US$ 700 bilhões,  foi definido hoje (25) pelo ex-ministro da Fazenda, Marcílio Marques Moreira, como uma medida necessária, embora “talvez não totalmente suficiente”.Em entrevista à Agência Brasil, Moreira esclareceu que ainda resta um problema a ser solucionado e que se refere à carência de uma maior capitalização dos bancos dos Estados Unidos. De qualquer forma, considerou positivo o pacote, que   determina a recompra de até US$ 700 bilhões em papéis “em fase de apodrecimento”.Segundo o ex-ministro da Fazenda, as modificações propostas pelo Congresso dos Estados Unidos nas medidas de socorro ao mercado são justificáveis. Entre elas, salientou  a  necessidade de supervisão através de  um órgão independente e a adoção de medidas para limitar as perdas dos contribuintes e estender benefícios aos mutuários. “Acho que estão todas no caminho correto."Ele afirmou que o pacote ajuda a criar um clima de apoio. “Já que  o grande problema é confiança,  é muito importante que não haja um antagonismo ao pacote, porque senão ele acaba tendo um efeito contraditório e contraproducente”.O ex-ministro avaliou que os efeitos da crise financeira externa para o Brasil não serão imediatos. O Produto Interno Bruto (PIB), que é a soma das riquezas produzidas no país, ainda deverá mostrar um  bom crescimento este ano. A inflação está contida. Ele observou, contudo, que  já na semana passada começaram a ser observados alguns reflexos da crise, “porque liquidez é algo que trabalha em vasos comunicantes”.Moreira explicou que no mundo globalizado a liquidez financeira também é global. E na última semana os mercados “travaram”, com reflexos imediatos no Brasil. Hoje, destacou, os empréstimos a vencer, que eram renovados em 100% anteriormente, “e até mais”, têm renovação em torno de 20% a 25%. “Já se sentiu internamente [os efeitos da crise financeira]”. Disse que o custo dos financiamentos no Brasil já aumentou e os prazos diminuíram. E isso terá repercussões, em termos de crescimento, no ano que vem. Segundo ele, o crescimento da economia brasileira poderá oscilar entre 2,5% a 3,5% em 2009.