Luana Lourenço
Repórter da Agência Brasil
Brasília - Candidatopela primeira vez a um cargo eletivo, o professor de geografia epolicial civil AluisioSena decidiu concorrer à prefeitura de Pacaraima (Roraima)pleiteando ser o primeiro morador da cidade a ocupar a cadeira degestor municipal. “Todos os prefeitos que já tivemos moravamem Boa Vista e só chegavam aqui para se eleger”. Candidatopelo PHS, sem coligação, Sena se auto-intitula “aterceira via” nas eleições do município. “Olema de minha campanha é Só Love, Sou da Paz e do Amor”, completou.
A prioridade de Aluisio Sena é transformar a cidade em umpólo de atração turística paraaproveitar a localização do município, entre asserras do norte do estado. Para isso, ele defendeu investimentos maciçosem infra-estrutura urbana, com obras emergenciais de revitalizaçãode ruas, saneamento básico, calçamento de vias earborização. O dinheiro viriaprincipalmente de parcerias com os governos federal e estadual.
“Pacaraima é uma cidade serrana. Quero ver essacidade com um ar de montanha, tranqüila, como Campos do Jordão [em São Paulo], onde as pessoas tenham prazer em chegar, tomar um chá ouum café, e não tenham vontade de voltar, de descer aserra”, comparou.
A relação comercial com a Venezuela,fronteira direta com o município, também ganharia comos investimentos em turismo. “Com certeza, há possibilidadede expandir lucros com comércio na fronteira. Aqui, por seruma cidade pequena, circula muito dinheiro. Mas os venezuelanos vêmpara comer e vão embora; nem dormem aqui para incrementar arede hoteleira”, comentou.
Professor da rede estadual em Pacaraima há quatroanos, Sena avaliou positivamente a rede de educação domunicípio, mas defende mais investimentos em políticaspúblicas para os jovens da cidade. Uma de suas propostas éa construção de um centro poliesportivo municipal. “Oesporte pode tirar os jovens da marginalidade. Além disso, abebida na fronteira com a Venezuela é muito barata, elescostumam entrar cedo no alcoolismo”, disse.
Outra proposta do candidato do PHS é a construçãode uma casa de apoio a estudantes indígenas, “que àsvezes dormem na rodoviária, sem carona para voltar para ascomunidades”.
Contrário à demarcaçãocontínua da Terra Indígena Raposa Serra do Sol, vizinhaao município, Sena argumenta que “há espaçopara todos trabalharem: arrozeiros e indígenas”. Pare ele,em caso de demarcação contínua, o governofederal deveria arcar com maquinário e treinamento técnicopara que os índios utilizem a estrutura do agronegócioconstruída pelos rizicultores.
Na avaliação do candidato, o maior entraveda questão indígena para o município estáem outra reserva: a Terra Indígena São Marcos. “Pretendo trabalhar em parceria com o governo federal, a Funai[Fundação Nacional do Índio] e ascomunidades indígenas para tirar a sede do município dedentro dos limites da reserva, para que a gente possa ter títulodefinitivo da terra, recolher IPTU [Imposto Predial Territorial Urbano]”, disse.
“Liso [sem dinheiro], mas feliz” é outro dos slogans decampanha de Sena, que contabiliza menos de R$ 2 mil em gastos atéagora. “Se for eleito, vai ser com R$ 3 mil. Eu sonho com o dia emque algum brasileiro possa se candidatar para um cargo eletivo semdinheiro grande, só com o essencial”, declarou.
Sena prometeu que providenciará apublicação mensal de um “jornalzinho, com a prestaçãode contas” e defenderá o acesso público àsfolhas de pagamento. “Para que não haja desvio de verba.Quero ser claro como a luz do meio-dia, nada obscuro”, prevê o candidato.