Luana Lourenço
Repórter da Agência Brasil
Brasília - Conhecidonacionalmente pela defesa irrestrita da revisão da demarcaçãocontínua da Terra Indígena Raposa Serra do Sol, em Roraima, o atualprefeito de Pacaraima, Paulo César Quartiero, candidato àreeleição pelo Democratas, destacou a briga fundiáriapor 1,7 milhão de hectares da reserva como uma dasprioridades de um possível segundo mandato.
Cassadopor um ano e quatro meses, acusado de compra de votos, Quartieroencara a tentativa de reeleição como uma oportunidadede “recuperar o tempo perdido” no período afastado dacadeira de prefeito. Uma decisão do Tribunal Superior Eleitoral(TSE) revogou a condenação da Justiça Eleitoralde Roraima e garantiu a volta do líder arrozeiro ao cargo hácerca de quatro meses.
“Oobjetivo básico é conseguir institucionalizar omunicípio. Precisamos recuperar a capacidade de nostornarmos um ente federativo, como município, e sermosrespeitados como tal”, afirmou, em referência àposição favorável da União àdemarcação contínua da Raposa Serra do Sol, oque, segundo ele, impedirá o desenvolvimento econômicodo município.
“Ogoverno federal que vá administrar o que é decompetência dele”, disse, ao citar uma de suas propostas paraa reeleição: o início de cobrança deImposto Territorial Predial Urbano (IPTU), vetada por se tratar deárea indígena, de responsabilidade da União. Amedida, segundo Quartiero, já foi definida pelo legislativolocal.
“Aquestão do território espacial do município éde competência da prefeitura. Quem determina tudo aqui éa prefeitura e a Câmara. Não cobramos IPTU ainda porquenão tínhamos estrutura, mas vamos cobrar, se Deusquiser. O cidadão que paga imposto sente como uma garantia deque é dono do que é seu”, defendeu.
Noentanto, o prefeito e candidato à reeleiçãoacredita que serão necessários muito mais recursos paragarantir a saúde financeira de Pacaraima. “Não tenhoilusões a esse respeito. Somos um município muitopobre, ficamos exauridos. Toda a riqueza que temos aqui estábloqueada por demarcação de terras indígenas equestões ambientais. Mas não estáescrito em lugar nenhum que nascemos para ser pobres, temos apenas umestágio que nós vamos providenciar e desenvolver acidade para atender às demandas sociais”, afirmou.
Entre as demandas da população, Quartieroconsiderou o acesso à saúde como um dos mais urgentes ereconheceu que o município enfrenta dificuldades em garantirmedicamentos e contratação de profissionais, comomédicos e enfermeiros. “É um setor bastantecomplexo”, analisou.
“Além disso, quem faz a saúde indígenaaqui em Pacaraima chama-se prefeitura municipal. Temos aqui a Funasa[Fundação Nacional de Saúde] que sóserve para roubar, só para desviar dinheiro público,roubam desavergonhadamente”, denunciou. O prefeito candidato, noentanto, argumentou que suas gestão não diferenciaíndios e brancos. “Aqui, todos são iguais,brasileiros, e com os mesmos direitos e deveres; todos sãoiguais. Essa é e será a filosofia de nossaadministração”, garantiu.
Parafazer frente ao que considera “pressão” do governo federalpara “acabar com o município”, Quartiero aposta nofortalecimento da estrutura econômica da cidade. “Hápotencial para serviços, comércio, turismo, produçãohortifrutigranjeira. E temos a possibilidade de fazer aqui um pólode floricultura, devido à altitude. Poderemos fornecer florespara Manaus e até para outros países”, prevê.
“Temosque enfrentar e derrotar as entidades que querem nosso retrocesso”,completou o candidato.