Ivy Farias
Repórter da Agência Brasil
São Paulo - As medidas anunciadas hoje (24) pelo Banco Central para preservar o sistema financeiro brasileiro foram bem avaliadas por especialistas ouvidos pela Agência Brasil. "As decisões ajudam a irrigar o sistema", explicou o presidente da Associação Brasileira das Empresas de Leasing (ABEL), Rafael Cardoso, referindo-se ao adiamento do recolhimento compulsório com alíquota de 20%, de 14 de novembro deste ano para 16 de janeiro de 2009. "O BC deixa de receber para que as empresas possam emprestar mais", concluiu.Segundo o professor de finanças da Universidade de São Paulo (USP) e coordenador do MBA Banking da Fundação Instituto de Administração (FIA), Roy Martelanc, os bancos médios já começam a enfrentar a falta de liquidez. "Não é segredo que os bancos de investimentos estão com problemas", disse.Para Martelanc, a iniciativa do BC segue a tendência de outros bancos centrais no mundo. "O bancos estão injetando dinheiro no mercado financeiro porque prevenir é melhor do que remediar", analisou. O professor disse ainda que, apesar do BC não estar injetando dinheiro - o banco está apenas deixando de recolher- as medidas são importantes para que as instituições não passem por problemas maiores. "Assim eles estão preparados para o pior, que é a total falta de dinheiro", completou.Além do adiamento do recolhimento compulsório, dinheiro que os bancos não podem dispor para empréstimos, foi também adiada a adoção da alíquota de 25% de 16 de janeiro de 2009 para 13 de março de 2009. "Esta medida do BC é uma reação ao enxugamento de liquidez no mundo todo", disse o diretor do programa de pós-graduação MBA da Fundação Armando Álvares Penteado (FAAP), Tharcisio Santos. Santos acredita que o BC está se antecipando com relação ao que está por vir. "O banco está começando a compensar a falta de recursos que está atingindo o mundo. O crédito lá fora foi totalmente enxugado, está uma secura total", observou.Já para o economista chefe da Fedaração Brasileira de Bancos (Febraban), Rubens Sardenberg, o efeito da medida é "relativamente pequeno". "É um estímulo incial de R$ 5 bilhões, mas é positivo porque aumenta a captação de recursos dos bancos", explica. A intervenção do BC é uma "atitude típica", na visão de Sardenberg. "Eles estão de olho na crise externa e já começam a se prevenir para melhorar o quadro de liquidez dos bancos", opinou.O recolhimento compulsório para os depósitos de leasing começou a valer no dia9 de maio, com recolhimento de 5% dos recursos pelos bancos ao BC. Anorma definiu que esse percentual cresceria de cinco em cinco pontospercentuais até chegar a 25% em janeiro de 2009.Com esse recolhimento obrigatório, os bancos têm menos dinheiro para emprestar,uma vez que parte dos recursos fica no Banco Central. Com menosdinheiro, o custo dos empréstimos tenderia a subir para compensar amenor quantidade de recursos. A conseqüência das medidas é que sobram mais recursos para empréstimos feitos pelo sistemafinanceiro.