Para ex-dirigente do BC, taxa de juros pode parar de subir

24/09/2008 - 16h24

Kelly Oliveira
Repórter da Agência Brasil
Brasília - O Banco Central, ao ampliar o desconto de exigibilidade no recolhimento de compulsório que os bancos fazemsobre depósitos a prazo, de poupança e recursos àvista,  atende a pequenas instituições financeiras, emmeio ao “estreitamento” do acesso aos recursos externos. Aavaliação é do economista Carlos Eduardo deFreitas, ex-diretor do BC.Com essa medida, a autoridade monetária  deixará de recolher dos bancos R$ 5,2 bilhões de depósito compulsório.O adiamento do  cronograma de recolhimento compulsóriode depósitos de empresas de leasing  vai permitir que R$8 bilhões fiquem disponíveis no sistema financeiro pormais tempo.A primeira medidaatinge mais os pequenos bancos porque estes têm uma quantidademenor de depósitos comparada com as grandes instituiçõesfinanceiras e portanto o abatimento tem um impacto maior. “Aliviapara os bancos de menor porte nesse cenário de estreitamentodo crédito”, disse Freitas.O economista lembrouque a redução do crédito disponível sedeve ao agravamento da crise financeira internacional, com o anúncioda quebra do banco de investimento americano Lehman Brothers noúltimo dia 14. “Com o problema do Lehman Brothers houve uma inquietação nosmercados e os investidores retiraram os depósitos dos bancosamericanos e europeus. Com isso, os bancos pararam de emprestar e nãorenovaram mais os empréstimos e isso se reflete aqui porquesomos tomadores de recursos externos”, afirmou o economista. Freitas disse aindaque não se surpreenderia se na próximo reuniãodo Comitê de Política Monetária (Copom) nãohouvesse mais aumento, nem redução, da taxa básicasde juros, a Selic. A taxa é usada pelo Banco Central paracontrolar a inflação, restringindo o acesso ao consumopor meio do encarecimento do crédito. Para Freitas  a crise americana já gera contraçãoe encarecimento do crédito. “A inflação jáestá murchando por si só”, afirmou.