Medidas do BC visam a dar maior liquidez ao sistema financeiro, diz economista

24/09/2008 - 15h30

Alana Gandra
Repórter da Agência Brasil
Rio de Janeiro - A decisão do Banco Central de adiar o recolhimento dos depósitos compulsórios das empresas de leasing "é uma medida muito pequena”,  disse  à Agência Brasil a economista Margarida Gutierrez, do Instituto de Pós-Graduação e Pesquisa em Administração da Universidade Federal do Rio de Janeiro (Coppead/UFRJ). Leasing é uma modalidade financiamento indireto, que consiste em alugar, em vez de vender, um  equipamento ou produto.Gutierrez afirmou, entretanto, que o adiamento é uma maneira de dar mais liquidez  ao sistema financeiro, “para não encolher muito o crédito no Brasil”. Ela disse que essa medida tem por objetivo deter o movimento de contração  do crédito que estaria afetando o país devido à crise internacional.O mesmo critério teria sido adotado pelo BC na ampliação de R$ 100 milhões para R$ 300 milhões do valor a ser deduzido pelas instituições financeiras do cálculo da exigibilidade adicional sobre depósitos a prazo, depósitos de poupança e recursos à vista. Na práticaos bancos terão que recolher menos recursos aos cofres do Banco Central. Para a  economista as duas  medidas vão na mesma direção, de dar "mais liquidez ao sistema bancário para evitar a contração do crédito por conta da crise internacional”.

Com a decisão do BC os bancos terão mais recursos para o tomador final.  “A pergunta é se os bancos vão emprestar ou não”, questionou Gutierrez. 

A economista afirmou que não há muito o que fazer pelas autoridades monetárias brasileiras diante da crise externa., uma vez que o país tem uma política monetária  voltada para combater a inflação e não a recessão. Gutierrez acredita que,  apesar da crise, não há razão para o Banco Central baixar a taxa de juros básica da economia, mas a autoridade monetária deve  tomar medidas pontuais para amenizar os efeitos externos.Uma medida genérica de redução dos juros poderia aumentar a inflação. “Não adianta adotar uma redução dos juros sistêmica porque isso não vai incentivar o banco a  aumentar crédito. Seria uma medida para combater uma redução de liquidez que a gente não sabe se  os bancos brasileiros de fato  têm”, afirma a econmista.