Flávia Albuquerque
Repórter da Agência Brasil
São Paulo - Os bancos prevêem que o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central vá aumentar a taxa básica de juros, Selic, em 0,50 ponto percentual, nas duas próximas reuniões do ano. Com isso, a Selic subiria para 14,75% ao ano, quando hoje está em 13,75% ao ano.A expectativa foi registrada na pesquisa Projeções e Expectativas, da Federação Brasileira dos Bancos (Febraban), divulgada hoje (23), em São Paulo. De acordo com a pesquisa, 44% dos bancos acreditam que esse ritmo não será afetado pela crise internacional. Para o final de 2009, a expectativa é de uma redução da taxa para 13,75%. A pesquisa foi realizada de 17 a 19 de setembro.Segundo o Febraban, a projeção de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) em 2008 passou de 4,79% para 5,15%, em relação à pesquisa realizada anteriormente. Na visão dos bancos, a indústria será um dos principais destaques. O setor deverá crescer 5,46%, quando na pesquisa anterior a expectativa era de 5,18%. A produção industrial deve ficar em torno de 5,64%, ante os 5,33% registrados na pesquisa de julho. Já a projeção para a formação bruta de capital fixo passou de 12,81% para 13,40%.Em 2009, os bancos acreditam que o PIB crescerá 3,75%. Na pesquisa anterior, a expectativa era de 3,90%. Segundo o economista-chefe da Febraban, Rubens Sardenberg, os números mostram um cenário positivo, de melhoria do crescimento econômico para o próximo ano. “Para o ano de 2009, o cenário continua positivo ainda, mas com algum ajuste. O mais importante é que, em relação à pesquisa anterior, houve um crescimento um pouco menor da economia. Ainda assim , foi um crescimento robusto e com uma inflação mais baixa”, disse.Com relação às operações de crédito, a pesquisa indica redução das médias das projeções de crescimento para a carteira total m 2008, passando de 24,97%, registrados na pesquisa anterior, para 23,94%. Para 2009, o recuo previsto é de 21,13% para 19,33%. “As operações de crédito, que já cresceram na faixa de 27%, devem fechar esse ano um pouco mais baixas, com a expectativa de que crescimento em 2009, mas em torno de 20%”, previu.Sardenberg afirmou que, de alguma maneira, há alguns efeitos da crise no cenário internacional interferindo na expectativa dos bancos, mesmo que de maneira marginal. “O mais importante são os efeitos decorrentes da elevação dos juros pelo Banco Central, portanto ajustes que já vinham sendo promovidos. E eu diria que, secundariamente, aparecem efeitos dessa crise internacional, principalmente, na forma de uma expectativa de um ritmo de crescimento mundial menor, que, no caso do Brasil ,levaria a uma certa redução do ritmo de crescimento da economia”, explicou.A avaliação dos 26 bancos participantes da pesquisa a respeito das medidas do governo americano para conter a crise econômica, que começou pelo setor de crédito imobiliário, é positiva. Mas, ao mesmo tempo, expressa um otimismo cauteloso, segundo o economista da Febraban. “Trata-se de um processo de grande complexidade, que demanda uma série de negociações e discussões. O mercado tende a ter uma certa volatilidade e achar que as coisas podem ser resolvidas em um curto prazo”. O economista disse que os bancos prevêem que a economia brasileira sofrerá os efeitos da crise internacional, num nível médio. “O que aparece é que essa crise vai levar a uma desaceleração da economia mundial e, por conta disso, vai ter certo impacto no Brasil, já que isso vai reduzir nossas exportações”.