Grampo atribuído à Abin gera disputa dentro do próprio governo, diz deputado

22/09/2008 - 13h37

Roberta Lopes
Repórter da Agência Brasil
Brasília - O presidente daComissão Parlamentar de Inquérito das EscutasTelefônicas Clandestinas da Câmara dos Deputados, MarceloItagiba (PMDB-RJ), disse hoje (22) que há uma disputa dentrodo próprio governo sobre o grampo atribuído à AgênciaBrasileira de Inteligência (Abin) no telefone do gabinete dopresidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Gilmar Mendes.“Oque está claro é uma disputa dentro do própriopoder. Ou seja, o próprio governo está criando umabriga entre membros do governo em função deequipamentos [rastreadores de grampos] em que um diz que tem e outro diz que a Abin nãotem”, afirmou durante entrevista ao programa RevistaBrasil da Rádio Nacional.Odeputado se refere ao caso das maletas compradas pela Abin, por meiodo Exército, com identificadores de escutas telefônicas. Durantedepoimento à CPI, o ministro da Defesa, Nelson Jobim, disse que os equipamentos da agência podem fazer escutas, já o ministro doGabinete de Segurança Institucional da Presidência daRepública – órgão ao qual a Abin évinculada –, general Jorge Armando Felix, informou que o aparelhonão é capaz de fazer tal procedimento. Ocaso do grampo surgiu por meio de denúncia veiculada naimprensa de que a Abin teria grampeado o telefone do gabinete dopresidente do STF e gravado uma conversa entre Gilmar Mendes e o senador Demóstenes Torres (DEM-GO), por meio de um grampo ilegal.Itagibatambém disse que há uma banalização dasescutas telefônicas, que eram usadas para apenas para“prisões em flagrante relacionadas ao tráfico dedrogas e crimes de corrupção”. “Ao invésde se investigar para obter a interceptação telefônica,que é o que a lei estabelece, começou a se fazerprimeiro as interceptações para depois se investigar."A CPI das Escutas Telefônicas vai ouvir o agenteaposentado do extinto Serviço Nacional de Informações(SNI) Francisco Ambrósio na quarta-feira (24). Ele ésuspeito de ser um dos responsáveis pelo grampo que gravou a conversa deMendes e Demóstenes Torres. No mesmo dia a CPI ouve também o general Felix.