Paula Laboissière*
Repórter da Agência Brasil
Brasília - Oministro da Saúde, José Gomes Temporão, avaliouhoje (17) como “inadequado” o tratamento oferecido pela FundaçãoNacional de Saúde (Funasa) às populaçõesindígenas. Questionado sobre a possibilidade de que a atençãoprimária à saúde indígena deixe de serresponsabilidade da Funasa e passe a ser administrada pelo Ministérioda Saúde, por meio de uma nova secretaria, ele a considerou positiva e avaliou que o país precisa de uma intervenção“qualitativamente mais diferenciada”.
“Oobjetivo é garantir que a população indígenatenha um atendimento de mais qualidade. Para lidar com os gravesdesafios que essas populações hoje enfrentam. Elasapresentam uma taxa de mortalidade e de desnutriçãomaior do que a média da população geral”, disse o ministro.
SegundoTemporão, a má qualidade do atendimento prestado pelaFunasa pode ser percebido pelos resultados apresentados, até omomento, pelo órgão. Ele afirmou que não se tratade uma questão de “capacidade”, mas de “lógica defuncionamento” do modelo de atenção à saúde.
“Nossa avaliação é que, com esse redesenho,poderemos apoiar melhor os municípios e repensar melhor asparcerias com as Ongs [organizações não-governamentais], dando mais qualidade e melhorando a efetividadedas políticas. O que queremos são resultados melhores eesses resultados não vinham acontecendo no ritmo que o governoavaliava como adequado.”
O presidente da Funasa, Danilo Bastos Forte, rebateu as colocações do ministro. Ele afirmou quetodos os indicadores de saúde indígena apresentadospelo órgão são positivos. Forte citou como exemplo o índice de mortalidade infantil nas aldeias, que, segundo ele, gira em torno de 46 para cada milnascidos vivos quando, há dez anos, registrava uma taxa de até130. Há ainda, segundo ele, campanhas crescentes de vacinação. Segundo a Funasa, 66% da população indígena, está sendo vacinada.
“Temosainda 25 mil crianças atendidas por um programa de vigilânciaalimentar e nutricional. E o PAC [Programa de Aceleração do Crescimento] da Funasa já tem 244 obrasprontas de saneamento, principalmente no que diz respeito aoabastecimento de água. Temos 17 mil índios jáatendidos pelo PAC e a gente espera que, até o final do ano,consiga concluir mais de 500 obras nas comunidades indígenas”, contou o presidente da Funasa.
Paraele, a discussão sobre quem deve se responsabilizar pelasaúde indígena é um debate “que vai e quevem”. Ele disse que, por enquanto, continua trabalhando, mas nãopode definir o que vai acontecer.
O diretor do departamento de Saúde Indígena daFunasa, WanderleiGuenca, destacou que, entre as principais dificuldades, está aausência de profissionais dentro do quadro do órgãoe que, por conta disso, é preciso buscar continuamente novasparcerias por meio de convênios.