Marco Antônio Soalheiro
Repórter da Agência Brasil
Brasília - A cúpula daAgência Brasileira de Inteligência (Abin) foi afastadapelo presidente da República em virtude da participaçãode agentes na Operação Satiagraha, da PolíciaFederal, e não pela suposta posse de equipamentos capazes derealizar escutas telefônicas. “O que éimportante é que o afastamento não se deu por essainformação [da posse de equipamentos com capacidadede fazer grampos], mas porque a Abin havia participado com algunselementos, depois saberíamos que eram 52, dessa investigação[Satiagraha]”, disse o ministro da Defesa, Nelson Jobim, emdepoimento à CPI das Escutas Telefônicas Clandestinas daCâmara. "Durante reuniãocom o presidente Lula, eu disse que não competia à Abinesse tipo de participação. A função daAbin não está distante dos processos criminais, mas asinvestigações de crime comum são competênciada Polícia Federal, do Ministério Público e daJustiça. Não haveria justificativa para a participaçãoda Abin nesse tipo de atividade", acrescentou.Segundo Jobim, opresidente do Supremo Tribunal Federal, Gilmar Mendes, telefonou-lheindignado com a suspeita de ter sido grampeado por integrantes daAbin, conforme relatado em matéria publicada pela revistaVeja. Houve no mesmo dia,segundo o ministro, uma reunião no Palácio do Planalto,que além de Gilmar Mendes também compareceram osministros do STF Cezar Peluso e Carlos Ayres Britto. O afastamentoprévio da direção da Abin teria sido umaresposta para a Corte de que o governo trataria o caso com rigor."Mas não sediscutiu responsabilidade criminal. O que estava em jogo eraresponsabilidade política e a posição do Supremoque queria uma solução. A sugestão que eu deiera o afastamento para fazer as investigações. Era umanecessidade de investigar a participação da Abin numainvestigação criminal da qual não deviaparticipar", assinalou Jobim.