Investir no longo prazo protege contra instabilidades do mercado, aponta estudo

17/09/2008 - 15h58

Alana Gandra
Repórter da Agência Brasil
Rio de Janeiro - A elevada volatilidade  provocada nos mercados de ações  pela crise financeira norte-americana  ressalta a importância de que os investimentos sejam realizados com uma visão de longo prazo. Essa é a conclusão de estudo realizado pelo Instituto Nacional de Investidores (INI).

O diretor-geral da entidade, Théo Rodrigues, destacou, em entrevista à Agência Brasil, que, num primeiro momento, os investidores devem  se conscientizar de que o investimento tem de ser feito regularmente, independente das condições de mercado. “E a longo prazo”, ressaltou. Isso significa, segundo ele, investir mensalmente, por um longo período.

“É muito difícil a pessoa saber exatamente quando a Bolsa [de Valores] vai subir ou cair. Não é uma coisa muito simples. Mas, adotando esse método, ela faz um preço médio, aplica em empresas boas. E, no mesmo prazo, com essas empresas boas, capitalizadas com esses investimentos, você consegue um belo patrimônio  futuro”, explicou.

A Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) já perdeu, de maio até agora, cerca de 30%, disse o diretor geral do INI. Quem investiu  no fim de dezembro do ano passado, por exemplo, também perdeu em torno de 30%, conforme explicou o diretor do INI.

O mesmo não ocorreu, entretanto, com as pessoas que aplicaram nos anos anteriores. “Chega-se à conclusão que quem aplicou há dez anos está tendo uma rentabilidade muito boa ainda, apesar da queda. Ou seja, isso mostra que quem investiu por um longo período ainda tem uma rentabilidade em várias ações, numa amostra de 40 papéis.”

Segundo Rodrigues, nessa análise, constatou-se que pelo menos 30 ações subiram, no mínimo, 20% ao ano, nesse período. "E se a Bolsa cair mais ainda, esses investidores lá de trás, que estão há muito tempo aplicando, ainda vão continuar com uma rentabilidade boa”, previu.

A pesquisa do INI comprova, de acordo com ele, que quem tem uma boa posição e praticou a política de investir regularmente é protegido ao longo do tempo. “Este estudo traça um retrato do passado para mostrar que a política de longo prazo funciona”, avaliou.

Uma das regras básicas que o investidor deve seguir, conforme destacou Rodrigues, é observar as empresas que estão crescendo. “O investidor  deve ver quem dobrou nos últimos cinco anos e quem tem capacidade de dobrar nos próximos cinco. Então, se você conseguiu escolher essas empresas, aliado aos outros princípios, você vai ter sucesso como investidor.”

Outra dica é observar se as empresas têm uma boa governança, isto é, se priorizam a transparência  na gestão. Outro princípio a ser seguido pelos investidores, na opinião de Rodrigues, é a diversificação de papéis  por empresas e setores. “Diversificar por tamanho e por setor porque,  se uma hora, um setor está indo mal, outro está bem. E você compensa uma coisa com outra”, constatou.

O investimento de longo prazo, segundo o diretor do INI, pode proteger o investidor das instabilidades do mercado. Ele lembrou, no entanto, que investir em ações não é um “mar de rosas”, embora tenha refutado a tese de que exista sorte ou azar no mercado de capitais. “O importante é ter disciplina e seguir as regras básicas para estar protegido. Quer dizer, não ser muito guloso. Todo mundo que é muito ambicioso acaba  não dando certo. É preciso ter cuidado na escolha. Porque é um mercado de risco, mas que te permite ter, no longo prazo, um retorno muito maior do que qualquer outro mercado. Você vai entrar no risco sim, mas você vai entrar protegido. Essa é a lógica do sistema”, finalizou.

O INI é uma instituição sem fins lucrativos formada por empresas de capital aberto, que atua no treinamento de pessoas para atuarem no mercado. Ferramentas educacionais podem ser acessadas gratuitamente nosite do instituto.