Paula Laboissière
Repórter da Agência Brasil
Brasília - O presidente doConselho Distrital de Saúde Indígena do estado do MatoGrosso do Sul, Fernando da Silva Souza, disse hoje (17) que écontra a intenção do Ministério da Saúdede transferir o serviço de atenção àsaúde indígena da Fundação Nacional deSaúde (Funasa) para outro órgão. Ele prometeuentregar até outubro um manifesto ao ministério, àPresidência da República e ao Senado condenando aproposta de tirar essa atribuição da Funasa.O ministro da Saúde,José Gomes Temporão, já se manifestou a favor daproposta de criar uma nova secretaria no próprio ministériopara cuidar especificamente da saúde indígena. Na suaavaliação, o tratamento oferecido pela Funasa àspopulações indígenas é inadequado.Segundo ele, o país precisa de uma intervenção“qualitativamente mais diferenciada”.Souza discorda deTemporão. “A gente está vendo isso com muitapreocupação, porque avaliamos como um retrocesso napolítica nacional de atenção à saúdedos povos indígenas. Isso nos remete ao ano de 1998. O SistemaÚnico de Saúde [SUS] foi criado em 1990 e, de láaté 1998, as comunidades indígenas ficaram sematendimento”, disse o presidente do Conselho Distrital de SaúdeIndígena do MS.Ele explica que apopulação indígena, de maneira geral, tem semostrado contrária à proposta de criaçãode uma secretaria de atenção primária dentro doministério, porque a medida “joga a responsabilidade dapolítica de saúde indígena” para osmunicípios.“As populaçõesindígenas do país exigem uma atençãodiferenciada”, afirmou o presidente do Conselho Distrital de SaúdeIndígena do MS – onde vive a segunda maior populaçãoindígena do país, com cerca de 64 mil índios.De acordo com Souza, osresultados alcançados pela Funasa são parte de um“processo de construção”. Ele avaliou a atuaçãodo órgão como “positiva”, mas destacou que ainda hámuita coisa para ser conquistada. “Estamos no caminho certo”.O manifesto, segundoSouza, deve contar com apoio dos 34 presidentes de conselhosdistritais. “É um repúdio a uma decisão que,mais uma vez, vem de cima para baixo e com grandes possibilidades dedar errado”.