Entidades criticam presidente por declarações sobre fumo

05/09/2008 - 19h29

Carolina Pimentel
Repórter da Agência Brasil
Brasília - As declaraçõesdo presidente Luiz Inácio Lula da Silva em defesa do fumo emlocais fechados ou abertos, em entrevista na última quarta-feira (3), provocaram críticas de algumas entidades.A Sociedade deCardiologia do Estado de São Paulo (Socesp), em nota, diz que o presidente, como autoridade máximado país, deveria dar o exemplo à sociedade sobre omales causados pelo tabaco.“Como homem público eprincipal autoridade do país, ele tem que dar o exemplo emrelação ao tabaco, que tanto traz de malefíciosàs pessoas que fumam, aos fumantes passivos e a todos queperdem familiares, amigos pelas conseqüências nefastas docigarro no organismo. Sem falar nos custos que a doençarepresenta ao Estado. Conta essa que toda a sociedade paga”, diz anota, assinada pelo presidente da sociedade de médicos, AriTimerman.“A Socesp vê com muitapreocupação as palavras do presidente e aguarda umaretratação para o bem da populaçãobrasileira”, completa.A diretora executiva da organização não-governamental Aliança deControle do Tabagismo, Paula Johns, também lamentou as afirmações deLula. Segundo ela, o uso do tabaco é um problema de saúde pública e nãodeveria ser tratado com descaso pelo presidente.“O presidente não deveria ter dito isso. Não teve senso de respeitoao próximo e descaso com o tema. Errou feio. Ele tem a opinião dele,mas não pode falar o que quiser”, afirmou, por telefone, à AgênciaBrasil.A organização pediu uma audiência com o presidente Lula, mas nãoainda não teve resposta do governo. A diretora lembrou que o Brasil ésignatário de uma convenção internacional de apoio ao controle dotabaco.De acordo com a diretora, uma pesquisa encomendada pela organizaçãorevelou, em março deste ano, que 88% da população é a favor daproibição do fumo em ambientes fechados, assim como 80% dos fumantes.Em entrevista a oito jornaispopulares, no último dia 3, Lula defendeu o fumo em qualquerlugar ao ser questionado sobre o projeto de lei do Ministérioda Saúde que quer acabar com fumódromos, áreasreservadas para fumantes em locais fechados públicos eprivados. A proposta está sob análise da Casa Civildesde fevereiro para ser enviada ao Congresso Nacional.“Eu defendo, na verdade, o uso dofumo em qualquer lugar. Só fuma quem é viciado(risos)”, disse, conforme transcrição da entrevistapublicada pela Secretaria de Imprensa da Presidência daRepública.Lula afirmou também que aproibição não é uma proposta sua, mas doministério. E preferiu não se posicionar em relaçãoao assunto. “Eu não vou propor. Quem está propondo éo Ministério da Saúde”, disse. “Eu mando o projeto,eu não voto. A minha incumbência é mandar oprojeto e deixar a Câmara dos Deputados votar”.Indagado sobre a proibiçãode fumar no Palácio do Planalto, Lula afirmou que em seugabinete é permitido. “Se eu for à sua sala,certamente não fumarei, porque respeitarei o dono da sala. Masna minha sou eu quem manda (risos)”, afirmou o presidente, que fumacigarrilhas.Confira a íntegra da entrevista.