Alunos acampados na Unifesp querem debater estrutura universitária

26/08/2008 - 16h53

Flávia Albuquerque
Repórter da Agência Brasil
São Paulo - Os alunos da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) que estão acampados no campus da instituição ainda não têm uma pauta de reivindicações elaborada. De acordo com o aluno de Ciências Sociais Marcos Vinícius de Paula, os alunos devem se reunir na tarde de hoje (26) para começar a discutir coletivamente as reivindicações. De acordo com o estudante, o objetivo da mobilização é aproveitar omomento de transição para estimular o debate a respeito da estrutura daUnifesp. “O poder da Unifesp é extremamente concentrado e tradicionalista. Oreitor tem um poder incrivelmente grande e a estrutura dá espaço paraque ele possa ter esse tipo de ato ilícito”, defendeu de Paula.Por enquanto, há oito barracas montadas no local e, de acordo com o estudante, o movimento está mobilizando os alunos de outros campi a participarem da manifestação.A universidade foi ocupada na noite de ontem (25), logo após a renúncia do reitor Ulysses Fagundes Neto. Ele é acusado de ter feitos gastos indevidos com cartão corporativo. Relatório do Tribunal de Contas da União (TCU) aponta ainda que o vice-reitor da universidade, Sérgio Tufik, seria responsável “solidariamente” pela improbidade administrativa da qual é acusado o reitor. A alegação do TCU é referente à atuação de Tufik como “ordenador de despesas” em cinco das 13 viagens internacionais realizadas por Neto. Segundo a assessoria de imprensa da Unifesp, esse tipo de procedimento é comum e não é ilegal. Com a saída de Neto, Tufik passa a responder interinamente pela reitoria e tem 60 dias para dar início ao processo de escolha do novo reitor. De acordo com o aluno de Ciências Sociais, os estudantes não querem discutir apenas a sucessão do reitor e sim um novo modelo de universidade pública que se estenderia a todas as outras instituições. “Um modelo que dê maior acesso à sociedade e que seja de qualidade, coisas que não ocorrem atualmente”, explicou.Ele enfatizou que os manifestantes avaliam a representatividade estudantil perante o Conselho Universitário (Consu), órgão deliberativo máximo da universidade, como fraca. Um dos possíveis itens da pauta de reivindicação deve ser o aumento do espaço nesse conselho. “Nós estamos lutando por uma paridade. Não discutimos ainda a fundo como queremos essa paridade, mas queremos essa abertura.” Na avaliação do estudante o importante é que a estrutura da Unifesp seja alterada, independente do próximo professor a ocupar a reitoria. De Paula informou que não há previsão de quando os alunos sairão do campus e que a intenção é permanecer no local até que as reivindicações - que ainda serão apresentadas - sejam atendidas.