Questões indígenas podem avançar com visita de relator da ONU, avalia entidade

18/08/2008 - 18h35

Amanda Mota
Repórter da Agência Brasil
Manaus - A permanência do relator especial daOrganização das Nações Unidas (ONU) sobre Direitos Humanos e LiberdadesFundamentais dos Povos Indígenas, James Anaya, no Brasil é um fatopositivo e importante que pode contribuir com avanços em relação a reivindicações dos indígenas que vivem no país. A avaliação é do dirigente da Coordenação dasOrganizações Indígenas da Amazônia Brasileira (Coiab), Marcos Apurinã."A visita dele vai contribuir para que a ONU tenha umavisão melhor da vida dos indígenas brasileiros. Depois disso, elespoderão conversar com o governo federal e negociar melhorias de um modo geral", declarou."Avinda do representante da ONU ao país era esperada há muito tempo.Estamos contentes que ele esteja aqui [no Brasil] e tenha dedicado suaagenda para dialogar com a Coiab, conhecer o município de São Gabrielda Cachoeira, no Amazonas [onde quase 100% da população é indígena] eainda ir até a reserva Raposa Serra do Sol", acrescentou.Noúltimo sábado (16), James Anaya participou de reunião com lideranças indígenasda Amazônia na sede da Coiab. Durante o encontro, ele conversou comorganizações e povos indígenas sobre diversos assuntos. A prioridade dos líderes foi dada a denúncias sobre violações dosdireitos ocorridos no Brasil. Questões relacionadas à violência, usoinadequado de imagem, ausência de políticas públicas específicas aosindígenas e ainda aos problemas enfrentados pelos povos que vivem naRaposa Serra do Sol (RR) e no Vale do Javari (AM) tambémestiveram em pauta. Emnota, a assessoria de comunicação da Coiab destacou que a visita dorelator ocorre em um momento crucial para os povos indígenas no Brasil de crescente "tendência de discriminação, preconceito eestigmatização dessas populações por parte dos setores oligárquicos,políticos e latifundiários do país". Segundo o texto, a divulgação deinformações distorcidas tem causado danos aos povos indígenas que sãoacusados de "atentado contra a soberania nacional" e de "ocupaçãodemasiada de terras"."Os fatos comprovam que,historicamente, os povos indígenas constituíram-se defensores dasfronteiras nacionais, permanecendo como importantes atores de proteçãodas fronteiras e recursos naturais brasileiros, contra a ação decaçadores, mineradores e madeireiros", afirma a instituição.