Potencial do mercado chinês levou gaúcho a se instalar no país

18/08/2008 - 8h31

Mylena Fiori
Enviada Especial
Pequim (China) - O potencial de consumo do gigantesco mercado chinês levou o gaúcho Winston Ling a fundara Yi Cai He Ltd., em Xangai. Ele importa e distribui com exclusividadeprodutos tipicamente brasileiros como a cachaça Ypioca, do Ceará, oguaraná Fruki, do Rio Grande do Sul, e os cafés especiais da mineiraMonte Alegre Coffees. “Desde1980 quando visitei a China pela primeira vez, tenho acompanhado odesenrolar da abertura econômica, e sempre sonhei fazer negócio com aChina. Somente 20 anos depois a oportunidade surgiu, por acaso, com asfibras de PP da Fitesa, para a construção civil”, conta.Este ano aFitesa – uma empresa do grupo Petropar - saiu do mercado de fibras dePP (misturadas ao concreto para prevenir as rachaduras superficiais).  Lingcontinuou a atuar na China no mesmo ramo, através de outrosfornecedores, e entrou no mercado de bebidas e alimentos colocando asdelícias brasileiras ao alcance do paladar chinês.  Oempresário destaca que a maioria dos estrangeiros, inclusive osbrasileiros, está "trabalhando" a China como base de produção, porqueisso dá resultados de mais curto prazo. Ele preferiu outro caminho.“Resolvi morar na China definitivamente para desenvolver minhaprópria rede de contatos e 'trabalhar' a China como mercado de destino,que dá resultados de mais longo prazo, pois é mais difícil abrirnegócio e sobreviver aqui”, justifica. Conhecera cultura local é primordial, garante Winston Ling. Segundo ele, épreciso compreender que a meta de todos os chineses é ser dono de seupróprio negócio, e que a regra é a falta de lealdade dos funcionáriospara com as empresas onde trabalham. Também é necessário entender queos chineses não sabem dizer "não". Lição fundamental é aprender o conceito de guanxi, a rede de relacionamento que, aqui, é condição para se fazer negócios.  Lingdiz que ao contrário das economias capitalistas de mercado, onde asrelações comerciais são impessoais, na China o fundamental é a amizade.“Na China se despende bastante tempo e energia desenvolvendo ecultivando uma rede de contatos, porque isso funciona. Primeiro vocêprecisa ser amigo, para então fazer negócio”, ensina.