Economista aponta tendência de acomodação de índices gerais de preços

18/08/2008 - 17h02

Alana Gandra
Repórter da Agência Brasil
Rio de Janeiro - O resultado do ÍndiceGeral de Preços-10 (IGP-10), que teve variação de 0,38% emagosto, representa uma volta ao nível anterior àexplosão de inflação observada do segundosemestre do ano passado para cá. A afirmação é do coordenador de Análises Econômicas doInstituto Brasileiro de Economia (Ibre), da FGV, SalomãoQuadros. Divulgado hoje (18) pela FGV, o índice écalculado com base nos preços apurados entre os dias 10 do mêsanterior e 11 do mês de referência.

Em entrevista à AgênciaBrasil, Quadros considerou a taxa de agostorelativamente baixa e disse que ela representaria inflação decerca de 4% ao ano. O economista afirmou que essa era avariação média até o primeiro semestre doano passado, mas destacou que é preciso observar se será mantida no restante do segundo semestre.

Para ele, a tendência éde acomodação: “Acho muito provável que a taxapermaneça em um nível bem mais baixo”. Adesaceleração do IGP deve-se à agricultura etambém aos produtos industriais, que se acham em processogradual de retração. “Ainda tem espaço para osprodutos industriais desacelerarem um pouco mais. Isso podecontribuir para que, nos próximos meses, o IGP-10 venha semanter ou até baixar um pouco.”

Segundo Quadros, a dúvidareside nos produtos agrícolas. “As commodities[produtos agrícolas e minerais comercializados no mercadointernacional] agrícolasestão numa fase muito favorável, do ponto de vista dainflação”, disse o economista. No entanto, só a partir da metade do segundo semestre, serápossível ver com mais clareza se o processo de queda ésustentável ou se pode haver nova pressão, observou.

Quadros lembrou que ademanda mundial por produtos agrícolas não baixou. “Nãohá uma recessão mundial. Não há nadadisso.” O quadro de oferta limitada diante da demanda nãomudou e ainda levará algum tempo para que isso ocorra“O que ainda pode trazer algum tipo de oscilação parao IGP é alguma ocorrência em mercados agrícolasno mundo todo”, acrescentou Quadros, que não vêperspectiva de se repetirem as taxas registradas nos últimostrês meses, acima de 1,5% e próximas de 2%.

Quanto aos produtos industriais,o economista disse que eles têm a favor da desaceleraçãoa queda do preço do petróleo e a possívelretração da economia mundial, com tendência fortede redução agora também na Europa. “Isso podefazer com que a demanda por vários produtos industriais, comoquímicos e minérios, fique um pouco mais controlada. Adesaceleração dos produtos industriais nãoacabou. Ela vai avançar. E isso vai ajudar a segurar os IGPs.”