Mylena Fiori
Enviada Especial
Pequim (China) - Mão-de-obra barata, incentivos fiscais e juros baixos para financiamentosconstituem a fórmula que atrai empresas do mundo todo para a China.Seja com a transferência de linhas de produção ou apenas com aterceirização para empresas locais, todos querem tirar proveito do paísque mais cresce no mundo.ATeka, uma das maiores tecelagens brasileiras, adotou essa últimafórmula e passou a produzir, do outro lado do planeta, produtos decama, mesa e banho de primeira linha, com alto valor agregado.“Produtos de baixo valor agregado, em princípio, não compensam, pois têmo frete, que é caro, os impostos, a nacionalização”, explicou MarcelloStewers, diretor de exportação e outsorcing (terceirização de tecnologia) da Teka.Osprodutos comprados e etiquetados na Ásia destinam-se ao mercadodoméstico brasileiro e também à exportação para América Latina eAlemanha. No Brasil, chegam com preço final até 15% mais barato do quese fossem fabricados no país. A diferença é maior diante de um terceirocomprador. “Quando o Wal Mart cota no Brasil e na China o mesmoproduto, as diferenças podem chegar a 60%”, revelou Stewers.Ascompras na Ásia (China, Índia, Paquistão e Egito) começaram em 2006,motivadas pela desvalorização do dólar. Stewers contou que a aproximaçãofoi inicialmente in loco. Toda a equipe técnica, de engenheiros eprofissionais de marketing, foi à China avaliar o mercado e selecionarfornecedores. “No início foi muito difícil, línguas e costumes muitodiferentes, muitas viagens foram necessárias”, explicou.Hoje, a empresa mantém agentes locais que fazem o controle de qualidade, e agentes comerciais,mas até 2009, a Teka pretende instalar um escritório comercialem Xangai. “Comprar na China é uma tendência de mercado como já foi,numa outra época, a Europa comprar da Turquia. Esse parque fabril foi seimplementando, se equipando, investindo em tecnologia. Uma empresachinesa tem planejamento para 40 anos, é outro mundo, outra cabeça,outra cultura”, afirmou Stewers.Osetor têxtil é justamente um dos mais interessantes para investimentosbrasileiros, de acordo com o presidente da Câmara de Comércio eIndústria Brasil-China, Charles Tang. “Várias empresas têxteisbrasileiras estão montando fábricas na China. Tendo uma plataforma decusto baixo, eles podem não só complementar a linha deles no Brasilcomo entrar no gigantesco mercado chinês, que é dez vezes maior que onosso, e ser competitivo no mundo inteiro, uma coisa que dificilmentepodemos fazer, pelo custo Brasil”, afirmou Tang.