Nielmar de Oliveira
Repórter da Agência Brasil
Rio de Janeiro - O corpo do cantor e compositor Dorival Caymmi foi sepultado hoje (17) no cemitério São João Batista, em Botafogo, zona sul do Rio. Cerca de 200 pessoas acompanharam o cortejo fúnebre e aplaudiram demoradamente o enterro. Entre elas, o músico e ex-ministro da Cultura Gilberto Gil, que disse que ninguém “cantará” a Bahia como Caymmi cantou, “em sua essência”.Caymmi foi enterrado no mesmo mausoléu de Carmem Miranda, cuja voz imortalizou a música “O que é que a baiana tem”, uma das mais conhecidas composições dele, assim como "A lenda do Abaeté", "Promessa de pescador", "É doce morrer no mar" e Sábado em Copacabana”, entre outras.O músico baiano também foi aplaudido ao ser levado para o sepultamento, em carroaberto do Corpo de Bombeiros, por uma multidão de fãs nas imediações daCâmara de Vereadores, onde o corpo foi velado.No local, estiveram presentes várias personalidades, entre elas os governadores do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral, e da Bahia, Jacques Vagner, que decretaram luto oficial de três dias em seus estados.Cabral definiu Caymmi como um dos maiores compositores do mundo, lembrando o seu amor pelo Rio. “Caymmi optou pelo Rio muito cedo e é uma perda irreparável para a cidade. Eu me lembro de todas as canções dele. Ele colocou a arte à disposição da democracia, era uma figura extraordinária”.Para Wagner, o músico “exportou” o jeito de ser do povo da Bahia. “É Caymmi na música e Jorge Amado nas letras. Não há quem não conheça pelo menos dez músicas de Caymmi. Numa época em que existia o preconceito, ele louvou Iemanjá. Sem dúvida, um orgulho para a Bahia”, afirmou, emocionado.Caymmi morreu na manhã de ontem de falência múltipla dos órgãos, em sua casa, em Copacabana, zona sul do Rio. Ele fez tratamento de câncer na bexiga durante 11 anos.