Nielmar de Oliveira
Repórter da Agência Brasil
Rio de Janeiro - A idéia de criar uma estatal paragerenciar a exploração de petróleo na camadapré-sal é válida desde que não seja parafazer o que a Agência Nacional de Petróleo e GásNatural (ANP) já faz, na opinião do ex-presidente daEletrobrás e diretor da Coordenação dos Projetosde Pós-Graduação de Engenharia da UniversidadeFederal do Rio de Janeiro (Coppe-UFRJ), Luiz Pinguelli Rosa.“A idéia da criação dessanova estatal não é um absurdo total desde que ela sejapara fugir das licitações e poder contratar sempre aPetrobras como braço tecnológico do governo na regiãodo pré-sal”, afirma. “Agora, se é para fazerlicitação, mantendo o atual modelo, a criaçãoda Petrosal é uma bobagem. Até porque isso a ANP jáfaz. Não vejo necessidade de dois órgãosfazendo”.Para Pinguelli, no entanto, a “Petrosal” sótem sentido se for criada com o intuito de dar exclusividade dacontratação dos campos da região àPetrobras.Sobre a possibilidade de o acionista da Petrobrasvir a perder dinheiro, Pinguelli é enfático: “Euestou pouco me lixando para o investidor, se as açõesvão cair ou não. Eu posso até ter alguma açãoda Petrobras, mas o mais importante é o país e nãoo investidor”.Em sua avaliação, qualquer que sejao modelo adotado, em princípio, o investidor teráperdas. “Se o governo aumentar a sua participação narenda para 80%, a projeção dos lucros, econseqüentemente das ações da Petrobras, caem. Ese ele [o governo] vier a assumir que a propriedade dos poçosé da União, e que vai contratar uma empresa sódedicada ao pré-sal, contratando a Petrobras somente paraexplorar a área, as ações caem também”.