Mylena Fiori
Enviada Especial
Pequim (China) - Afabricante brasileira de compressores Embraco emprega, no mundo todo,10 mil pessoas – 1.600 só na China. Entre eles, apenas nove brasileiros.O catarinense Armin Koenig veio há cinco anos com a missão de treinaros operadores e garantir o padrão de qualidade na nova unidadeindustrial, inaugurada em maio de 2006, no distrito industrial de KongGang, a 30 quilômetros do centro de Pequim.Coordenadorde qualidade, Koenig tem sob seu controle 850 chineses, quetrabalham no chão de fábrica. São 24 horas de produção, um novocompressor a cada nove segundos, 14 mil por dia. Treinar esse povotodo, segundo ele, não é fácil. “A China não tinha uma culturaindustrial, era agrícola e bastante atrasada e essa cultura industrialvocê não forma do dia para a noite”, afirmou ele.“É preciso que o operárioentenda nosso nível de precisão, pois trabalhamos no milésimo domilímetro, entenda que é preciso cuidado na montagem, que oscomponentes não podem cair no chão, que não pode pegar os componentessem luva, que tem que seguir exatamente os padrões exigidos em cadaoperação para que se atinja a qualidade que o compressor precisa. Tudoisso requer um esforço, e é contínuo”, relatou o coordenador deQualidade da Embraco China. Por isso, a empresa mantém uma escola demanufatura permanente.O engenheiro Paulo Egidio Alves de Oliveira, responsável pelo suporte técnico ao mercado asiático, acompanhoua instalação das primeiras máquinas da nova planta industrial. Recémformado pela Universidade de Santa Catarina, decidiu estudar mandarimem 2005 e, na China, foi recrutado pela Embraco. “Se tem algum lugar nomundo em que as coisas estão acontecendo, é na China”, avaliou ele, queficou um ano inteiro estudando mandarim em tempo integral, com bolsa dogoverno chinês.Oliveirarevelou que a infra-estrutura de laboratórios da Embraco na China éexatamente a mesma que a empresa mantém na sede brasileira, emJoinvile. Dificuldades para trabalhar com mão-de-obra chinesa? Questãode adaptação. “É preciso entender como o chinês pensa, é muitodiferente, a começar pela língua. As línguas ocidentais são associativase exigem criatividade e raciocínio, enquanto o chinês demanda memória.Isso molda as pessoas e define como elas se desenvolvem”, exemplificou.“No relacionamento com o chinês, não adianta exigir uma coisa que elenão tem, noutras pode-se exigir muito mais. A partir do momento em que seaprende a dosar e usar isso, tudo começa a fluir”, disse.