Empresa brasileira está há 13 anos em Pequim investindo em parceria

17/08/2008 - 0h05

Mylena Fiori
Enviada Especial
Pequim (China) - China,ou Zhong guó, quer dizer centro do mundo. E foi esse o rumo que tomou a maiorfabricante de compressores de refrigeração do mundo, a brasileiraEmbraco. Ao contrário de muitas multinacionais, que produzem noterritório chinês para exportação, a indústria de Joinvile (SC) cruzou oplaneta, há treze anos, de olho no mercado doméstico da economia que maiscresce no mundo.“Quemquer crescer no mundo tem que estar no mercado americano. Mas se quisercrescer mais ainda, tem que estar na China”, resumiu o gerente-geral daEmbraco na China, o gaúcho João Carlos Lemos. Ele foi um dos primeiroscinco funcionários enviados para montar a unidade chinesa e acompanhoudesde o começo a trajetória da empresa brasileira no gigante asiático. A empresa brasileira teve como foco os fabricantes chineses de geladeira. Hoje, 40% das geladeirasproduzidas no mundo são feitas na China. Uma, em cada oito geladeiras, conta comcompressor hermético de refrigeração da Embraco made in China, mas comtecnologia 100% brasileira.Tudocomeçou em 1993, com a busca de um sócio chinês. A iniciativa foimotivada pelas crescentes exportações da Embraco para a China – cercade um milhão de compressores por ano. A instalação de uma fábrica emPequim se consolidou dois anos depois, com uma parceria com a chinesaSnowflake, para a produção de compressores CFC free.“Aabertura da economia chinesa se deu gradativamente. Nos anos 80 eradifícil fazer negócio aqui [na China], a não ser com sociedade de maioria chinesa.Nos anos 90, começou a se abrir para empresas 100% capital estrangeiro,mas ainda era muito arriscado e o melhor era fazer um casamento com umaempresa local, que já conhecesse o mercado e tivesse uma baseestruturada para a produção”, contou Lemos.Emmaio de 2006, a fábrica cresceu e foi transferida da região central dacapital para o distrito industrial de Kong Gang, a 30 quilômetros do centro de Pequim,próximo ao aeroporto internacional e ao lado de empresas como asjaponesas Panasonic e SMC, a canadense Pratt & Whitney, adinamarquesa Schüco e a chinesa AT&M. E a produção, que antes erade dois milhões de compressores/ano, subiu para 4,4 milhões e chegará aseis milhões em 2009.Hoje,a unidade chinesa responde por 12% a 15% do total produzido pelaEmbraco no mundo todo. Além de Pequim, a empresa tem fábricas emJoinvile, na Itália e na Eslováquia, e escritórios de vendas eassistência técnica nos Estados Unidos, México e Itália.Com a Embraco, apenas cerca de 30 empresas brasileiras têm alguma atuação no mercado chinês. Para JoãoCarlos Lemos, a culpa é dos próprios brasileiros, e não dos chineses.“O Brasil ainda é muito fechado economicamente, fica difícil enxergar oresto do mundo. A China é muito mais aberta”, garantiu.  Ele informou que nestes treze anos de atuação na China algumas fases forammelhores que outras, mas a empresa sempre apostou no futuro. E não se arrepende.