Brasil só tem 30 empresas atuando na China, enquanto Estados Unidos estão com sete mil

17/08/2008 - 10h22

Mylena Fiori
Enviada Especial
Pequim (China) - Maisde sete mil empresas americanas estão na China. Do Brasil, pouco maisde 30 tem alguma atuação no mercado que mais cresce no planeta. Faltade conhecimento e foco no mercado interno são algumas das razões disso,na avaliação o secretário-executivo do Conselho EmpresarialBrasil-China, Rodrigo Maciel.“Aindahá um grande desconhecimento do Brasil em relação à China, em algunscasos até desinteresse. O processo de internacionalização ainda érecente no Brasil e atingiu um número muito pequeno de empresas”,afirmou.Afunção do conselho bilateral - instalado durante visita do presidenteLuiz Inácio Lula da Silva à China, em 2004 – é justamente melhorar oambiente de comércio e investimentos entre os dois países por meio dodiálogo entre os governos. Por intermediar tal diálogo, Maciel garanteque a atração de investimentos estrangeiros continua sendo prioridadedo governo chinês. Mas não qualquer investimento.“Sepercebe uma mudança radical nesse incentivo. O foco deles, agora, éreceber investimentos nos setores de alta tecnologia, de pesquisa edesenvolvimento”, destacou Maciel, Osincentivos já não são mais oferecidos em função da localizaçãogeográfica do empreendimento – política que tinha como objetivo aformação de grandes núcleos de produção. Agora, o incentivo depende dotipo de tecnologia que será trazida oferecida à China.Aregra vale, inclusive, para zonas de desenvolvimento industrial, como aBeijing Development Area, a 30 quilômetros do centro de Pequim. “As empresas queeles querem atrair para essas zonas, hoje, são empresas de altatecnologia e biotecnologia. Isso passou a ser uma prioridade nacional”, explicou Rodrigo Maciel.Segundoele, também há grandes oportunidades para parcerias entre empresaschinesas e brasileiras. “Em alguns setores identificados como de grandemercado na China, talvez seja interessante ter investimentos conjuntos.Esse tipo de parceria pode ser  importante atépara aumentar a capacidade produtiva e o Brasil se tornar um fornecedorestratégico desse produto para a China”, avaliou Maciel.Opróprio agronegócio poderia se beneficiar dessa fórmula, tornando-seexportador de alimentos processados. “Essas oportunidades existem nãosó em comércio, mas em investimentos. A gente é que precisa se colocarestrategicamente para aproveitá-las”, garantiu o secretário-executivo do conselho bilateral.PaulLiu, presidente da Câmara de Desenvolvimento Econômico Brasil-China,acha que é hora de perder o medo do gigante asiático. “A China aindatem muitas áreas a serem expandidas, muitas pessoas querem melhorar aqualidade de vida e isso certamente vai abrir muitas oportunidades”,afirmou.Eleacredita que os Jogos Olímpicos ajudarão a acabar com os estigmas do paísasiático. “Por meio das Olimpíadas as pessoas certamente terão uma novaopinião sobre a China, verão que ela não é algo transitório mas, sim,um país que está crescendo há mais de 20 anos e vai continuar crescendonos próximos 20”, disse Liu.