Governo elabora proposta para mudar as relações entre o capital e o trabalho

15/08/2008 - 19h32

Alana Gandra
Repórter da Agência Brasil
Rio de Janeiro - O Brasil  se prepara para  experimentar mudanças nas relações entre o capital e o trabalho, reafirmou hoje (15), no Rio de Janeiro, o ministro da Secretaria de Assuntos Estratégicos da Presidência da República, Roberto Mangabeira Unger. Ele participou de debate promovido pela Coordenação de Programas de Pós-graduação de  Engenharia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (Coppe/UFRJ), na Ilha do Fundão.Unger analisou que desde a gestão do ex-presidente Getúlio Vargas, o Brasil não teve uma grande iniciativa  na área do trabalho. “O defeito principal do regime existente é que a maioria do povo brasileiro não participa dele. Metade da população economicamente ativa está na economia informal, obrigada a trabalhar sem carteira assinada, sem direitos, sem garantias, sem transparências. E uma parte crescente de trabalhadores na economia formal está em situações de trabalho temporário, terceirizado ou não-assalariado. Portanto, também sem proteção legal adequada. Estamos organizando uma proposta para revolucionar as relações entre o capital e o trabalho no Brasil, pautada no interesse das maiorias desorganizadas e excluídas”.

Segundo Unger, o Brasil é  um país onde predomina a classe de renda  média  e como as demais nações desse tipo “está ameaçado de ficar espremido numa prensa entre países de trabalho barato e países de produtividade alta”.

O ministro salientou que o  interesse do governo brasileiro “é escapar dessa prensa pelo lado alto, de valorização do trabalho, de escalada da produtividade, e não pelo lado baixo”.

Unger  lembrou também que, em companhia do ministro da Defesa, Nelson Jobim, vai apresentar a estratégia nacional de defesa do Brasil, no próximo dia 7 de setembro. A formulação da estratégia nacional de defesa é uma das grandes tarefas a serem realizadas pelo governo federal, destacou.  Segundo ele, entre todos os países grandes da história moderna o Brasil é o mais pacífico. “Mas a nossa aversão à beligerância não nos exime da necessidade de nos defender, se quisermos semear um caminho singular no mundo.”

O assunto, enfatizou,  não se refere apenas ao equipamento das Forças Armadas, mas sim à “transformação das Forças Armadas”.