Thais Leitão
Repórter da Agência Brasil
Rio de Janeiro - Representantes dogoverno do Rio de Janeiro, do Ministério da Saúde e daDefensoria Pública no estado querem acabar definitivamente comproblemas do sistema de transplantes, tais como o que resultou noesquema de fraude desbaratado no mês passado, pela PolíciaFederal, na Operação Fura-Fila, no Hospital ClementinoFraga Filho.Estima-se que seispacientes que estavam na fila, aguardando por um transplante defígado, morreram enquanto outras que pagaram propina passaramà frente. Foram presos os médicos Joaquim Ribeiro Filhoe Eduardo de Souza Fernandes, ambos da equipe de transplante defígado do hospital, administrado pela Universidade Federal doRio de Janeiro (UFRJ), conhecido como Hospital do Fundão.O defensor públicoda União André Ordacgy disse hoje (15) que, depois dereunião realizada ontem (14) com representantes da SecretariaEstadual de Saúde do Rio e do ministério, foramdefinidas metas de ação que devem garantir maiseficácia ao processo. Entre os compromissos firmados,estão a atualização permanente da lista deespera para receber o órgão e a possibilidade deacompanhamento pela internet do andamento dos processos detransplante. De acordo com o defensor, do total de 1.077 pessoas quetêm seu nome listado, aproximadamente 300 já nãodevem mais estar em condições de receber umfígado.“Algumas já morreram, outrasrealizaram o transplante em outros estados. Há ainda aquelasque não estão em estado grave, de urgência”,explicou. Ordacgy acredita que essas medidas vão darmais credibilidade ao processo, que será maistransparente.“Os pacientes vão contar com maistransparência a partir de agora. Vão poder, eles mesmos,ver quem está à frente [na fila] e acompanhar oque está acontecendo. Isso é importante porque, namedida em que o sistema ganha transparência, ganha tambémmais fiscalização por parte de quem é o maiorinteressado: o usuário”, afirmou.De acordo comOrdacgy, também será necessário ampliar o númerode pólos de atendimento e recompor as equipes médicaspor meio de concurso público. Atualmente, apenas o Hospital doFundão e o Hospital de Bonsucesso realizam os transplantes.Ainda segundo ele, o Ministério da Saúde vaipromover, a partir do mês que vem, campanhas de conscientizaçãoe incentivo à doação de fígado, que deveser autorizada por parentes do doador, em caso de morte cerebral. Elegarantiu que vai acompanhar e cobrar o cumprimento das modificações.Caso não sejam cumpridas no prazo estabelecido, recorreráa medidas judiciais.