Danilo Macedo
Repórter da Agência Brasil
Brasília - Os produtores que nãopagaram as parcelas deste ano dos custeios prorrogados das safras2003 a 2006, vencidas hoje (15), terão que procurar os agentesfinanceiros até o fim de setembro para garantir o prazoadicional de dois anos e a redução de jurosestabelecida pelo Banco Central. Entretanto, a partir deagora, eles se encontram em situação de inadimplência.O presidente daComissão Nacional de Crédito Rural da Confederaçãoda Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), Carlos Sperotto,disse à Agência Brasil que a diferença entre asdatas mostra falta de “bom senso” do governo. “Se há umprazo para aderir, ele nunca pode ser posterior ao prazo depagamento. Aqui está ocorrendo o contrário: o prazo devencimento antecipa o prazo que o produtor tem para decidir se querpagar ou não. Do nosso ponto de vista, a flexibilizaçãoera algo praticamente automático, mas no entendimento dosistema financeiro não está ocorrendo”, disse.O dirigente explica queo quadro de inadimplência no qual devem entrar os produtoresque não pagaram a parcela até hoje vai dificultar aindamais o acesso ao novo crédito. Ele aguarda, no entanto, umposicionamento do governo sobre a interpretação dosprazos e, na próxima semana, sua comissão reuniráas reações de todas as regiões brasileirase buscará um contato com o governo. “Esperamos que ogoverno olhe para quem paga, para quem produz e para quem tem que fazera equação de datas e condições depagamentos”, afirmou.Adata para quitar as prestações de custeio que venceramhoje já havia sido prorrogada no início do mêspassado, com a alteração de uma resoluçãoque estabelecia o dia 1º de julho para pagamento dos débitos.Representantes do setor produtivo alegaram que as agênciasbancárias não estavam recebendo as instruções necessárias para agirconforme as resoluções e, por isso, estavam enviandocobranças aos produtores, mesmo dentro do prazo de pagamento.Assafras 2003 a 2006 foram caracterizadas por longos períodos deestiagem e fortes quedas na produção. Ogoverno ainda não se pronunciou quanto à uma novaprorrogação do prazo de pagamento. A MP 432, que tratada renegociação das dívidas agrícolas,ainda aguarda votação no Senado.