Vinicius Konchinski
Repórter da Agência Brasil
São Paulo - A possível influência da fuga de capital estrangeiro da Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) sobre os investimentosestrangeiros diretos, aqueles que se destinam à parte produtiva da economia e geram empregos, tem dividido a opinião de economistas.Algunsacreditam que o capital que sai do mercado de açõesbrasileiro é somente “especulativo” e não altera os planos de expansão ouampliação de empresas estrangeiras por aqui. Outros dizem que a saída docapital da bolsa reduz o ritmo da economia brasileira, o que afugenta o investimento produtivo, inclusive o estrangeiro.O ex-ministro da Fazenda Maílson daNóbrega, sócio da Tendências Consultoria Integrada, está no primeiro grupo. Em entrevista à AgênciaBrasil, ele afirmou que as empresas do exterior que pretendiam investir no paísantes da crise internacional e das quedas da Bovespa já planejaram a sua aplicaçãohá algum tempo e não mudarão de idéia devido à fuga dos que buscam ganhos imediatos do Brasil.“O dinheiro que sai do país é o que está aplicado em ações.Não há notícias de fuga de investimentos em novas instalações, expansão deempresas etc” afirmou o economista. Ele citou relatórios do Banco Central (BC), queestimam a entrada de U$ 35 bilhões (R$ 56 bilhões) em investimentos estrangeiros diretosneste ano, 10% do total previsto para o país.Segundo Mailson, dois fatores são determinantes para oinvestimento produtivo: as perspectivas de ganhos e a situação da empresa quefará a aplicação. Para ele, as perspectivas da economia brasileira estão“entre as melhores do mundo”Ricardo José de Almeida, professor da Faculdade de Economia,Administração e Contabilidade (FEA) da Universidade de São Paulo (USP), tem outra opinião. Segundo ele, se a previsão do BC de investimentos estrangeiros diretos de US$ 35 bilhões foi feita no início do ano,“com certeza, não se confirmará” devido às incertezas nos cenários nacional e internacional.Almeida considera equivocada a suposta divisão entre investimento“especulativo” e “produtivo”, já que um financia o outro. “Odinheiro que entra na Bolsa acaba sendo usado pelas empresas para financiarinvestimentos; com mais investimentos, mais o país cresce; com o crescimento, mais pessoas aplicam na bolsa; e assim vai...”“A saída do investidor estrangeiro da bolsa faz os preçosdas ações cair e reduz o crescimento do país”, complementou o professor. “Se a economia não vai crescer o que se esperava, o investidorvai se afugentar, seja lá de onde for.”