Amanda Mota
Repórter da Agência Brasil
Manaus - Localizada em uma áreade 213 mil quilômetros quadrados, no extremo oeste do Amazonas,a região do Alto Solimões caracteriza-se pela grandediversidade ambiental, apresentando inúmeras variedades depeixes, frutos e áreas verdes praticamente intactas, devido àsdificuldades de acesso.Não existem rodovias ligando o Alto Solimões a outras regiõesdo estado e do país. Chega-se lá somentede barco, o meio mais usado, ou de avião. Partindo de Manaus,por exemplo, a viagem de barco pode levar de três a seis dias. Apesar da grandeextensão e de ser composta por nove cidades – Atalaia doNorte, Amaturá, Benjamin Constant, Fonte Boa, Jutaí,São Paulo de Olivença, Santo Antônio do Içá,Tonantins e Tabatinga – a região tem baixa densidadedemográfica (0,93%), segundo dados do Instituto Brasileiro deGeografia e Estatística (IBGE). Interligados pelo RioSolimões, os municípios são habitados tambémpor cerca de 130 comunidades ribeirinhas e 149 comunidades indígenasde etnias distintas, como Tikuna, Mayoruna, Cocama, Marubo, Kanamarie os Kulina.Entretanto, as riquezas naturais não sãocompatíveis com as condições socioeconômicasdo Alto Solimões. Em muitas áreas, inclusive urbanas,faltam água e energia elétrica. Em Tabatinga, porexemplo, a feirante Maria Neuza Leandro conta que ter água emcasa é difícil. "Passamos o dia na feira vendendonossas frutas e verduras. Depois de todo esse trabalho, ao chegar emcasa, temos que pegar os baldes e procurar algum local para enchê-losde água, porque lá não tem isso."Alémdisso, o último censo do IBGE revelou que são altas astaxas de analfabetismo na região (superiores a 30%) ecomplicadas as possibilidades de atendimento na área de saúde,sobretudo para os que vivem em comunidades fora das sedes dosmunicípios. Também nesse aspecto Tabatinga é umexemplo: localizada a mais de mil quilômetros de Manaus, tem em seuentorno cerca de 62 comunidades. Segundo o prefeito deTabatinga, Joel Santos, a cidade está situada no meio da selvaamazônica, e o acesso à Colômbia, país como qual faz fronteira, é mais fácil do que a Manaus,capital do estado. Santos disse que os recursos naturais precisam deatenção para serem devidamente aproveitados pelapopulação: "Nossa única riqueza sãoos recursos naturais. Estamos carentes de ajuda para atender ascondições básicas de cidadania de nossoshabitantes, começando pela saúde."Ontem(12) o governador do Amazonas, Eduardo Braga, e o diretor do BancoMundial John Briscoe firmaram acordo que pode trazer novasperspectivas para a região. Trata-se do Projeto deDesenvolvimento Regional do Estado do Amazonas (Proderam), que vaiinvestir US$ 35 milhões na região. É o começode uma grande transformação devida à populaçãodo Alto Solimões, disse Braga."Estamos falandode um projeto concentrado nos nove municípios do Alto Solimõespara turbinar e potencializar os outros investimentos na região.Queremos trazer à região uma resposta do poder públicobrasileiro de que é possível ter desenvolvimento localsem prejuízo aos recursos naturais. A execuçãodesse projeto é o resgate de uma enorme dívida socialque tínhamos com essa região.”O Proderam teráinício ainda neste ano, com a contratação deconsultorias nas áreas de atuação do projeto. Asobras começarão em 2009 e serão desenvolvidas emtrês frentes: desenvolvimento sustentável, saneamento esaúde. Na primeira frente, estão previstas atividadesprodutivas como colheita e beneficiamento de madeira e organizaçãoda piscicultura. Na área desaneamento, o objetivo é melhorar os sistemas sanitáriose universalizar o acesso à água, por meio da melhorados sistemas de abastecimento. Na saúde, a meta éampliar a cobertura e a qualidade da atenção básicae facilitar o acesso aos serviços de média e altacomplexidade.