Prefeito radicaliza posição contra Morales e anuncia leis departamentais

11/08/2008 - 17h44

Da Agência Brasil

Brasília - Depois de ser confirmado no cargo, segundo a contagem prévia dos votos no referendo revogatório de mandato realizado ontem (10) na Bolívia, o prefeito do departamento de Santa Cruz, Rubén Costas, radicalizou seu discurso contra o governo, minimizou o apoio popular ao presidente Evo Morales e anunciou a implementação de leis regionais, segundo noticia a Agência Boliviana de Informação (ABI).“Este governo insensível, totalitário, masista [referente ao partido governista MAS] incapaz nega o desenvolvimento ao povo e somente busca concentrar o poder e nos converter em mendigos. Atender os idosos com o IDH [Imposto Direto sobre Hidrocarbonetos] continua sendo um pretexto da ditadura masista, a verdadeira intenção é destruir a autonomia departamental”, afirmou Costas.Costas anunciou que a assembléia legislativa do departamento de Santa Cruz começará a trabalhar “o mandato do povo”. De acordo com ele, o órgão já aprovou a lei eleitoral para escolha, por voto popular, de parlamentares, vice-governadores e corregedores. O prefeito afirmou que a convocação para as eleições será lançada na próxima quinta-feira (14), “porque isso é autonomia, democracia participativa real e é uma forma de levar o poder de decisão às pessoas”. No entanto, o governo central não reconhece a assembléia, que iniciou a greve de fome realizada nos dias antes do referendo.O prefeito disse que vai implementar um fundo para atender as necessidades de alguns setores sociais, além de criar um organismo de segurança próprio, com a formação de uma polícia departamental, à margem da Polícia Nacional.Ele também assinalou que outra prioridade é o controle, a fiscalização e arrecadação dos recursos do departamento. A decisão apóia a tomada de impostos nacionais na capital cruzenha. “Estamos impulsionando a criação da agenda tributário departamental, para contar com uma entidade que defenda nossos recursos de forma eficiente e transparente, que permitirá a execução de um fundo solidário de apoio a outros departamentos”, disse.O prefeito do departamento de Cochabamba, Manfred Reyes Villa, por sua vez, teve seu mandato revogado, de acordo com os dados preliminares. No entanto, ele afirmou ontem à noite que vai continuar no cargo e desafiou o presidente Evo Morales a designar outra autoridade para o substituir.“Eu continuo sendo o prefeito de Cochabamba, quero ver Evo Morales, em um retrocesso da democracia, escolher a dedo um prefeito”, disse Reyes Villa.De acordo com o prefeito, o governo Morales fez “grandes investimentos” para tirá-lo da Prefeitura de Cochabamba. Ele garantiu que a convocatória para o referendo foi ilegal e anunciou que vai continuar a batalha legal, pois disse que alguém deve “estar defendendo a democracia, e esse alguém sou eu”.Já o agora ex-prefeito do departamento de La Paz, José Luiz Paredes, aceitou a derrota no referendo, mas advertiu que os resultados mostram uma acentuada polarização nacional. “Sempre apostei na unidade, tentei aproximar o governo e a 'meia lua' [formada por quatro estados Beni, Pando Tarija e Santa Cruz], mas lamentavelmente suas posições são irreconciliáveis”, afirmou.