Alana Gandra
Repórter da Agência Brasil
Rio de Janeiro - Os efeitos doaquecimento global na agricultura e na pecuária brasileirasdeverão ser mais sentidos na Região Nordeste, segundo estudo do Centro de Pesquisas Meteorológicase Climáticas Aplicadas à Agricultura (Cepagri) daUniversidade Estadual de Campinas (Unicamp), em parceria com aEmpresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa).
Segundo o diretor do Cepagri, HiltonSilveira Pinto, isso ocorrerápor causa do baixo volume de água disponível atualmenteno Polígono da Seca. “Se pensarmos que o aumento detemperatura fará com que evapore mais água e diminua aquantidade de água nos solos, a agricultura, que já estábem ruim hoje, que é semi-árida, vai ficar ainda pior.Vai ser muito difícil, porque o solo ficará árido.Nem chuva deverá ter mais lá [em volume]suficiente para a agricultura.”
Um dos coordenadores da pesquisa, Silveira disse que o leste da Bahia, por exemplo, que é atualmente um grande produtor degrãos, poderá enfrentar escassez de água para irrigação,com o aumento das temperaturas. “Provavelmente, [essa água]não vai ser mais possível.”
As áreas cultivadas commilho, arroz, feijão, algodão e girassol deverãosofrer queda acentuada no Nordeste do país, o que acarretaráperdas de produção. As maiores perdas estão previstas para as culturas de soja.e café. Conforme oestudo, no Nordeste, o Agreste e a região do Cerrado serão as áreasmais atingidas pela elevação da temperatura.
A pesquisa não é,entretanto, conclusiva e ainda terádesdobramentos, com novos modelos regionalizados e com maisdetalhamento, para garantir a precisão das informações, alertou Silveira.
Os resultados do estudo serãodivulgados hoje (11) durante o 7º Congresso Brasileiro do Agribusiness,em São Paulo.