Ministro do Desenvolvimento diz que empresários não têm do que reclamar

11/08/2008 - 18h12

Flavia Albuquerque
Repórter da Agência Brasil
São Paulo - O ministro doDesenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, MiguelJorge, afirmou hoje (11), em São Paulo, que o balanço das empresas, no primeiro semestre e também no ano passado, indicaque o empresariado não tem do que reclamar,já que a rentabilidade das indústrias está maioraté que a dos bancos. “Acho que as empresas brasileirasestão tendo uma lucratividade alta e produçãobastante grande”, disse ao participar do encontro África: Fórumde Negócios, realizado pela Federação dasIndústrias do Estado de São Paulo (Fiesp). O ministro reconheceu que as reclamações são normais e disse ainda que opapel do empresário é insistir e reivindicar, assim comodos trabalhadores, e o governo tem que arbitrar essas reclamações.“Eu reclamei muito quando estava do outro lado e acho absolutamentenormais as reclamações”, observou.O ministro reforçouque embora o país esteja passando por um arrefecimento da inflação, é preciso ter cuidado. “Nó temos que tercuidado para que a inflação não volte. Temos queter atenção porque ela precisa não sóarrefecer, mas voltar a patamares aceitáveis como eram antesdesse processo de crescimento”, alertou Miguel Jorge.O ministro afirmou que o Brasil tem mantido boas relações, políticas e comerciais, com os países africanos, especialmente nos últimos trêsanos, já que a determinação do presidente Lula é a de queos países do continente sejam prioridade para o governo, tantonas relações comerciais, quanto nas diplomáticas.“As prioridades são as de estabelecer relaçõescomerciais e participarmos do esforço de desenvolvimento dealguns países africanos.”Ele ressaltou que existe um escritório da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) na África e está em fase de implantação um escritório da Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI)para colaborar no desenvolvimento da indústria de alguns dos países africanos. “Acho que temos um grande esforço a fazer em aproximar cadavez mais os países africanos do Brasil”, disse. Miguel Jorge reforçouque o etanol pode ser um fator importante nessas relações,para dar condições de emprego no continente, ajudar ocrescimento dos países e fazer com que passem a ser exportadores de produtos de maior valor agregado. A ABDI promove e executa  políticas de desenvolvimento industrial e sua gestão é supervisionada pelo Ministério do Desenvolvimento.O ministro destacou que as vendas para a África, no primeiro semestre,aumentaram 11,5%, totalizando US$ 5,3 bilhões, em comparação com o mesmo período do ano passado. Já as importações brasileiras cresceram68,2% e totalizaram US$ 9,6 bilhões no período. Assim, o déficit no comércio com a África, até julho, é de US$ 4,3 bilhões, mas para Miguel Jorge, não significa desequilíbrio. “Embora esses números sejam importantes, o negócio entreos países africanos e o Brasil ainda têm um enormepotencial de expansão em todos os setores econômicos.”Para o diretor doDepartamento de Relações Internacionais e ComércioExterior da Fiesp, Roberto Gianetti da Fonseca, acooperação brasileira, do ponto de vista dorelacionamento com a África, é melhor do que ocontinente poderia ter com outros mercados. “O Brasil tem umconhecimento e uma atitude em relação à África,e uma similaridade que ninguém mais tem”, avaliou.Para a embaixadora daÁfrica do Sul no Brasil, Lindiwe Zulu, a proximidadegeográfica entre a África e o Brasil é um pontopositivo para o comércio entre os dois mercados. “O Brasiltem mais afinidades com a África e, por isso, o Brasil nãodeve temer a concorrência com a China”, observou Zulu. Segundo ela, oestabelecimento de uma relação comercial e culturalentre África e Brasil é um processo de duas vias. “A Áfricapode produzir o que o Brasil pode comprar e, daí, pode-seconstruir uma relação comercial forte.”