Alex Rodrigues
Repórter da Agência Brasil
Brasília - O presidente daFederação Brasileira das Associações deControladores de Trafego Aéreo (Febracta), sargento CarlosHenrique Trifilio, foi preso hoje (11) pelo Comando da Aeronáutica.Segundo o Centro de Comunicação Social da Aeronáutica,o sargento cumprirá uma pena administrativa de seis dias dedetenção no alojamento de sua unidade, em SãoPaulo, por ter faltado ao serviço, sem comunicar a ausência.É a segundapunição administrativa imposta a Trifilio. Em junho de2007, o sargento foi preso por 20 dias por ter concedido umaentrevista sem estar autorizado. Na entrevista, ele criticou osistema de controle de tráfego aéreo brasileiro. O advogado da FebractaRoberto Sobral confirmou à Agência Brasil adetenção de Trifilio, mas disse que não sabeonde ele está detido. Sobral denunciou que a prisão deTrifilio era uma represália às críticas dafederação ao Comando da Aeronáutica. Em outubro de 2007, aFebracta protocolou na Procuradoria-Geral da República umanotícia-crime contra o Comando da Aeronáutica. Aentidade classista acusa o alto escalão da Força Aéreade colocar em risco a segurança do tráfego aéreobrasileiro ao ordenar que oficiais responsáveis pelas equipes de controladores de vôo deixassem seuspostos nos Centros de Controle de Tráfego Aéreo(Cindactas) durante a paralisação nacional dos controladores em 2007. A Febracta tambémentrou com duas ações no Supremo Tribunal Federal (STF)contra o comandante da Aeronáutica, tenente-brigadeiro-do-arJuniti Saito - uma pela mesma razão da notícia crimeprotocolada na PGR e outra por omissão de eficiência,uma vez que, segundo a entidade, desde 1996 a Aeronáuticateria conhecimento das falhas do sistema aéreo sem nada fazerpara saná-las. A açãofoi protocolada no STF porque os comandantes militares tem foroprivilegiado. AFebracta também entrou com ação no SuperiorTribunal Militar (STM) contra oito tenentes-brigadeiros que teriamassinado o documento determinando que os controladores deixassem seuspostos. Segundo Sobral, desdeentão, mais de 60 controladores de vôo foram afastadosde suas funções, entre eles o sargento Trifilio. “O que a ForçaAérea Brasileira está fazendo para ocultar as falhas dosistema aéreo é prender todos os que as apontam”,denunciou Sobral. “O país precisando de controladores e aAeronáutica transfere alguns dos melhores profissionais parafunções que não tem nada que ver com o controledo tráfego aéreo”, acrescentou. Sobral denunciou aindaque Trifilio está com sérios problemas de saúdee que não vem recebendo o tratamento adequado da Aeronáutica.“Ele está comproblemas psicológicos, com suspeita de hepatite, e nãoconsegue se tratar. Ele chegou a perder 17 quilos. É covarde aperseguição que ele e a Febracta estãosofrendo”. O presidente doSindicato Nacional dos Trabalhadores na Proteção ao Vôo(SNTPV), Jorge Botelho, disse que a prisão de Trifili deixaclaro a “terrível perseguição” que oprofissional vem sofrendo. “Já nãoé mais uma questão institucional, de cumprir oregulamento, mas sim um retaliação covarde e mesquinha.A coisa com ele é pessoal”, afirmou Botelho. Pelo RegulamentoDisciplinar da Aeronáutica, a determinação paraque um militar cumpra prisão administrativa é precedidapor um processo interno instaurado para apurar a gravidade datransgressão disciplinar. Durante o processo, o militar tem aoportunidade de apresentar sua justificativa. Nos casos de falta aoserviço, no entanto, é comum que os militarescomuniquem imediatamente a razão da ausência.Procurado pelareportagem da Agência Brasil, o Centro de ComunicaçãoSocial da Aeronáutica disse que não comentaria asdenúncias do advogado da Febracta.