Lourenço Canuto
Repórter da Agência Brasil
Brasília - O Rio de Janeiro eSão Paulo concentram hoje o maior número de pobresentre as seis principais regiões metropolitanas do país,que incluem ainda Recife, Salvador, Porto Alegre e Belo Horizonte. Odado é da pesquisa Pobreza e Riqueza no Brasil Metropolitano,divulgada hoje (5) pelo Instituto de Pesquisa EconômicaAplicada (Ipea). Em 2002, SãoPaulo tinha 5,138 milhões de pobres. Este ano, esse númerobaixou para 3,986 milhões de pessoas, com queda de 8,1%. Isso significa que deixaram a pobreza nesse período1,152 milhão de pessoas. O Ipea classifica de pobres famíliascom rendimento mensal abaixo de 50% do salário mínimo(R$ 207,50) e de indigentes aqueles que ganham apenas 20% do saláriomínimo por mês (R$ 83). Em 2002, o Rio deJaneiro tinha 3,158 milhões de pobres, total quecaiu para 2,587 milhões em 2008. A redução foide 6,4%, significando 571 mil pobres a menos. A maior queda ocorreuem Belo Horizonte, onde, nos últimos seis anos, 572 milpessoas melhoraram de vida (15,2% de redução nosnúmeros deste ano em relação a 2002). Eram 1,719milhão de pobres, contra 1,147 milhão neste ano. Em números, aregião metropolitana do Recife registrou a menor queda noperíodo abrangido pela pesquisa do Ipea. Em 2002, havia 1,757milhão de pobres e agora são 1,552 milhão, com205 mil pessoas deixando a pobreza. Em termos percentuais, a quedafoi de 9,2%,. Em Porto Alegre, nos últimos seis anos, 223 milpessoas saíram da pobreza, com queda de 7,6%. Eram 1,021milhão e hoje são 798 mil. Salvador registrouqueda de 12,5%, o que significa 275 mil pessoas deixando a situaçãode pobreza no período de 2002 a 2008. Os pobres da regiãometropolitana de Salvador eram 1,561 milhão e hoje são1,286 milhão."O Brasil estásaindo dos limites da pobreza absoluta para a pobreza relativa,criando uma distância entre os extremos da pirâmide",afirmou o presidente do Ipea, Márcio Pochmann, ao comentar, ementrevista coletiva, os números da pesquisa. Para ele, ricassão as classes com rendimento familiar mensal acima de R$16.600. Pochmann disse que está aumentando nas regiõesmetropolitanas o contingente da população que tem rendaintermediária através do trabalho. O presidente do Ipeaatribuiu aos programas sociais, como o Bolsa Família, aretirada de pessoas da indigência para a pobreza – de 2002até este ano, o número de indigentes caiu de 12,7% para6,6% do total da população das seis regiõesmetropolitanas.Em 2002 havia 448.493pessoas consideradas ricas nas seis regiões metropolitanaspesquisadas. Esse total baixou para 362.262 em 2003, para 348.751 em2004, e subiu para 393.516 em 2005, para 437.847 mil em 2006, para447.873 em 2007 e para 476.596 em 2008. Pochmann afirmou queo quantitativo dos ricos não aumentou tanto quanto o dospobres, mas ressaltou que os ricos “estão tendo mais repassede produtividade em seus rendimentos, ao contrário daspopulações de baixa renda". Para ele, issosignifica que a mão-de-obra não estápressionando os lucros das classes mais altas.Apesar de os númerosmostrarem redução percentual da pobreza, Pochmannobservou que, quando os salários não incorporamprodutividade, no máximo acompanham a inflação,pela qual são corrigidos na maioria dos casos. Nesse ponto,destacou o economista, "não há no paíspadrão de proteção salarial adequado".De acordo comPochmann, inicialmente, a trajetória de alta da taxa de jurosanual não deverá impactar a melhora nas condiçõesde vida da população. Para ele, os efeitos deverãoser notados somente a partir do próximo ano, se a Seliccontinuar subindo. As medidas que o governo tomar para controle dainflação e redução do gasto públicoterão efeito também na estabilidade, redução oumelhora na distribuição de renda da populaçãoem geral, afirmou.