Danilo Macedo
Repórter da Agência Brasil
Brasília - OMinistério da Agricultura precisa voltar a investir na formação deestoques públicos de alimentos para ter capacidade de intervenção nospreços em caso de crise. A avaliação é do conselheiro da Companhia Nacional deAbastecimento (Conab) e doutor em economia pela Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) Guilherme Costa Delgado."AConab não pode ser um órgão apenas declaratório, que não teminstrumentos físicos para atuar. Não se pode substituir a função degarantidor de última instância de setores sensíveis, como os alimentos.Não se pode deixar trigo, milho, arroz e feijão ao livre jogo do mercadoe as pessoas sujeitas a crises", afirmou.Atualmente,os estoques públicos de alimentos estão em níveis muito baixos. No PlanoAgrícola e Pecuário 2008/2009, o governo propõe o aumento de 1,5 milhãode toneladas para 6 milhões de toneladas estocadas. A aquisição se concentrariaprincipalmente em arroz (1,6 milhão de toneladas) e milho (4,1 milhõesde toneladas), com mais 200 mil toneladas de trigo e 100 mil de feijão.Ocusto dessa operação gira, segundo cálculos da Conab, em torno de R$3,8 bilhões. Entretanto, Delgado ressalta que é preciso tratar o temapoliticamente, para que, no momento certo de compra a preços maisacessíveis, tanto o Ministério do Planejamento como o Tesouro Nacionalestejam prontos para liberar os recursos. "Além dos anúncios, é precisoter as dotações orçamentárias".Oconselheiro criticou o peso colocado sobre as exportações doagronegócio para equilibrar a balança de pagamentos brasileira. Segundoele, isso gera pressão para que o setor cresça a taxas elevadas eacaba desequilibrando a oferta interna de alimentos. "Naverdade, acho que esse é o principal problema nosso. É uma equaçãoequivocada, porque o setor primário da economia, o setor agrícola, nãotem essa função estrutural de equilibrar a conta corrente. A contacorrente é do conjunto. São as exportações industriais, as exportaçõesde serviços que têm que ter uma performance mais equilibrada."Delgadoparticipou hoje (5), como palestrante, de encontro promovido pela Conabpara tratar de temas contemporâneos da produção agrícola nacional.Segundo Wagner Rossi, presidente da estatal, ao final do encontro, quevai até amanhã (6), será elaborado um texto com as contribuições dos participantes. O documento servirá de base para o trabalho da companhia.