Governo argentino vai continuar a limitar exportações de trigo ao Brasil

05/08/2008 - 19h33

Paula Laboissière
Enviada especial
Buenos Aires (Argentina) - A Argentina vaicontinuar limitando as exportações de trigo ao mundo eao Brasil. O secretário-executivo do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior doBrasil, Ivan Ramalho, informou hoje (5) que apenas 902 mil toneladasde trigo estarão disponíveis para os importadoresbrasileiros.O Brasil consome atualmente 10 milhões detoneladas de trigo por ano, segundo dados da AssociaçãoBrasileira da Indústria do Trigo (Abitrigo). Como a projeçãode safra para este ano é de 5,2 milhões de toneladas,de acordo com o último levantamento do Instituto Brasileiro deGeografia e Estatística (IBGE), o país precisaráimportar outros 5 milhões de toneladas. Na falta do trigoargentino, a opção costuma ser o canadense, que custamais caro por causa do frete, mesmo com reduções detaxas.“Sei que hoje não temos um quadro de regularidadenesse fornecimento como tivemos no passado, mas temos expectativa deque as empresas brasileiras comprem esse trigo porque ouvi, mais deuma vez, que não é uma questão política.Eles [os importadores] preferem comprar da Argentina porquetem um custo menor e é um produto de boa qualidade”, disseIvan Ramalho.Após reunir-se com a comissão demonitoramento do comércio bilateral em Buenos Aires, osecretário disse que a limitação do produto paraexportação já foi confirmada pelo secretáriode Indústria argentino, Fernando Fraguío.IvanRamalho lembrou que a quantidade de trigo liberada para exportaçãonão estará disponível exclusivamente para omercado brasileiro, e alertou que outros países importadorespoderão passar a frente e comprar o produto.“Nãoé uma operação simples importar de outros paísesporque existem prazos, distribuição de cotas e outrasquestões que complicam. Estou seguro que os importadorespreferem comprar da Argentina e espero que a Argentina possaregularizar os embarques”, disse.O secretário argentinoreconheceu que o Brasil tem “uma preocupação muitogrande” com o abastecimento de trigo, mas ressaltou que com a safraprópria brasileira e as importações de outrasorigens, as pouco mais de 900 mil toneladas liberadas pelo governoparecem ser “uma cota razoável”.Ele lembrou que osuperávit comercial brasileiro com a Argentina nos primeirosseis meses do ano chegou a US$ 2,8 bilhões. Para ele, aretomada do envio regular de trigo para o Brasil irá ajudar aequilibrar a balança. Projeções indicam que, em2008, o déficit comercial da Argentina – principal sóciobrasileiro no Mercosul – chegaria a US$ 5,8 bilhões.“Porisso também é importante que os importadores comprem otrigo argentino. A Argentina é o tradicional fornecedor detrigo e acreditamos que continuará sendo”, disse IvanRamalho.