Para Contag, acordo na OMC pode prejudicar agricultura familiar

23/07/2008 - 15h16

Danilo Macedo
Repórter da Agência Brasil
Brasília - O secretário de Relações Internacionais daConfederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura(Contag), Alberto Broch, disse hoje (23) que muitas famílias,que vivem de suas atividades no campo, podem ser prejudicadas caso sefeche, em Genebra, Suiça, um acordo para o fim dos subsídios aosprodutos agrícolas, como defende o governo brasileiro. Para Broch, é necessário que se trabalhe a agricultura familiar, que "precisa ter um tratamento especial. Ela não podeficar à mercê do livre comércio, precisa ter mecanismosde salvaguarda para que, em determinados momentos, não sejamospegos de surpresa com produtos externos”, afirmou ele, em entrevista ao programa Revista Brasil,da Rádio Nacional. Broch tem dúvidas,entretanto, sobre o sucesso das reuniões que a OrganizaçãoMundial do Comércio (OMC) está realizando esta semana,em sua sede, em Genebra, com o objetivo de destravar o comércioglobal. “Nós estamos vigilantes, fazendo pressão, nosentido de que esse acordo, caso se realize, o que nós temosdúvidas, possa ser realizado no sentido de se inserir setoresda sociedade, no caso, a agricultura familiar”, disse.O secretário da Contag acredita que um possível acordo possa  levar ao risco de prejudicar alguns programas, como os de reforma agrária edo Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf), que necessitam de políticas públicas e,inclusive, subsídios. Um outro risco, segundo Broch, seria ainvasão de produtos de outros países em determinadosmomentos de crise na economia nacional, o que causaria danos adeterminados setores da agricultura brasileira.Ouça aqui:

O secretárioressaltou que o país possui mais de quatro milhões depropriedades familiares, que participam com grande parte da produçãodos alimentos básicos consumidos pela população,como é o exemplo de 65% do feijão, 35% do arroz, 37% dasoja e 80% da mandioca produzidos no país. De acordo com informações da BBC Brasil, o ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, que está em Genebra, disse que, depois de um início “em câmera lenta”, as negociações sobre a Rodada Doha de liberalização do comércio mundial começam a ser aceleradas nesta quarta-feira.