Alex Rodrigues
Enviado Especial
São Paulo - Embora os Estados Unidos não estejam diante de uma catástrofe, existem várias razões para que o mundo fique preocupado com os reflexos da crise financeira norte-americana sobre suas próprias economias, diz o economista,. colunista do New York Times e professor na Universidade Princeton (EUA) Paul Krugman. “Vários países sofrem por atrelar sua política monetária à economia norte-americana”, assinalou.De acordo com Krugman, o nível de emprego e a produção industrial dos Estados Unidos estão caindo, ao passo que a percepção interna da crise aumentou. Isso segundo ele, afetará diversos países, incluindo Brasil, China e Rússia, onde "provavelmente haverá um desaquecimento da economia"“O enfraquecimento foi bom para as exportações norte-americanas”, afirmou ele, durante o Fórum CPFL Energia: crise financeira internacional e crescimento da economia brasileira, realizado hoje (23), em São Paulo. “Com o dólar mais fraco, os preços sobem. Só que isso não é o mais importante. O ponto é que a política monetária norte-americana afeta outros países.”Para o economista, até o momento, os Estados Unidos não enfrentam uma crise inflacionária, diferentemente de outros países, onde a crise financeira norte-americana e a alta do preço do petróleo já provoca o aumento da inflação e a redução dos níveis de crescimento da atividade econômica.Krugman reconhece na atual crise financeira internacional, desencadeada pelo desaquecimento da atividade econômica norte-americana, indícios de quase todas as demais crises já vividas pelos Estados Unidos. A novidade, acrescenta ele, é que durante o recente boom imobiliário instituições norte-americanas como as grandes companhias hipotecárias, a exemplo das financiadoras imobiliárias Fannie Mae e da Freddie Mac, passaram a atuar como bancos, sem, no entanto, estar sujeitas as mesmas regulamentações. “Demos a essas instituições muitos direitos sem que elas tivessem as mesmas restrições. É necessário fazer algo a respeito disso”.Krugman também defendeu a produção brasileira de etanol. Para ele, o combustível obtido principalmente a partir da cana-de-açúcar não tem influência decisiva sobre a alta dos preços dos alimentos. “A Europa sim está retirando terras [da produção de alimentos] para a produção de combustível.”