Lourenço Canuto
Repórter da Agência Brasil
Brasília - Aelevação da taxa básica de juros (Selic) dos 12,25% ao ano para 12,75% é esperada pelo diretor de Economia daAssociação Nacional dos Executivos de Finanças,Administração e Contabilidade, Andrew Starser,de São Paulo. O Banco Central (BC) deve anunciar na noite dehoje (23) como vai ficar a Selic nos próximos 45 dias. OComitê de Política Monetária do banco, o Copom,está reunido desde ontem (22) para tomar a decisão. O boletim Focus, que o BCdivulga toda semana, com a previsão das cem maioresinstituições financeiras do país sobre asperspectivas para os índices econômicos, estimava naúltima segunda-feira (21) que a Selic seria aumentada em meioponto percentual. Andrew Starser concorda com a expectativa geral,porque entende que aumentar só 0,25% não sinalizaria apossibilidade de alcance dos resultados que estão sendoesperados pela economia brasileira, em vista da elevaçãode preços que está ocorrendo não só sobreos alimentos, mas também sobre produtos industriais e sobre ocusto de serviços. Em entrevista ao programa RevistaBrasil, da Rádio Nacional, Starser disse que, se oBanco Central elevasse a Selic para 13%, reajustando o patamar atualem 0,75%, estaria sinalizando que o governo ainda prefere manter oaperto monetário, em vez de começar a reduzir os gastospúblicos. Para Starser, a posição do governonesse sentido é cautelosa, porque ele é um grandecomprador do mercado, e isso também significa controle demercado. A elevação da Selic para 13% ao ano teriaimpacto negativo em relação ao investimento produtivo,acrescentou. Nesse caso, disse ele, o empresariadoficaria mais cauteloso porque teria medo de redução dedemanda no ano que vem. O efeito prático da elevaçãodos juros em mais 0,75% sobre os investimentos no entanto seriapequeno, dentro do quadro atual, conforme o economista, pois os jurosna ponta estão muito altos para quem toma crédito,empréstimo ou financiamento e não seria esse aumentoque agravaria a situação.Starser disse que aumentar muito osjuros não seria "muito adequado, pois a escalada de altas[da Selic], que vem acontecendo do princípio do anopara cá, não mostrou resultados visíveis",mas essaltou que teria sido pior não mexer na taxa. Apesar dainflação que o Brasil está vivendo, a economiaestá indo bem e a arrecadação do governo,também. "Mas o que todo mundo pondera" é queessa situação pode não se manter por muitotempo. Segundo Starser, esse seria o momentode o governo começar a reduzir os impostos para estimular aatividade econômica ou fazer reservas para se defender nofuturo, caso o quadro vivido pela economia mundial piore. Para ele, ainflação brasileira é produzida tambémpelo efeito do que está se passando em outros países,com a elevação do preço de mercadorias,especialmente na área de alimentos.