Belluzo diz que crise americana será longa e afetará economia mundial

23/07/2008 - 14h34

Alex Rodrigues
Repórter da Agência Brasil
São Paulo - Ao contrário do presidente do Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico, Luciano Coutinho, para quem o efeito da crise financeira dos Estados Unidos sobre a economia brasileira não será relevante, o professor da Universidade de Campinas Luiz Gonzaga Belluzo acredita que a economia mundial e conseqüentemente a do Brasil sofrerão com a redução das importações norte-americanas.Segundo o economista, com a atual crise, os Estados Unidos vêm reduzindo seu déficit comercial importando menos . “Isso vai afetar o conjunto da economia mundial. Não adianta dizer que a participação das exportações brasileiras para os Estados Unidos é menor [em importância], porque a desaceleração da economia norte-americana afeta todo o mundo”.Belluzo concordou com Coutinho que a crise será longa, apesar das medidas já adotadas pelo Federal Reserv (o Banco Central americano) e pelo Tesouro dos Estados Unidos. Para ele, o Brasil será afetado de duas maneiras: uma boa e uma ruim.“O bom é que a queda no preço das commodities está começando a se manifestar e dará mais condições para que o Brasil tenha uma política monetária menos agressiva. Por outro lado, o balanço de pagamentos [todas as transações financeiras do país com o exterior] vai ser prejudicado pela queda do preço das commodities”.Alegando que a relativa independência da economia chinesa é o único contraponto aos efeitos da desaceleração da economia norte-americana, ainda que os dois países não tenham o mesmo peso, Brelluzo afirmou que o Brasil nunca esteve tão bem para enfrentar uma crise internacional.“Acho que o Brasil está em condições excepcionais para enfrentar essa crise. Não que não vá acontecer nada e que vamos continuar voando em céu de brigadeiro, ma o país nunca esteve também, graças a Deus em boa medida, e em parte aos brasileiros”.