Sabrina Craide
Repórter da Agência Brasil
Brasília - O país poderádeixar de produzir 1,5 milhão de barris de petróleo e22 milhões de metros cúbicos de gás por dia,caso a greve dos petroleiros prevista para começar na próximasegunda-feira (14) tenha a adesão das 42 plataformas queoperam na região da Bacia de Campos, responsável por80% da produção brasileira.O diretor do Sindicatodos Petroleiros do NorteFluminense (Sindipetro-NF), Marcos Breda, reconhece que a paralisaçãopode influenciar nos preços do petróleo no mercadomundial, mas garante que a Petrobras foi avisada sobre a intençãodos trabalhadores.“Nósconhecemos bem a situação da energia no mundo,particularmente do petróleo, e sabemos que qualquerperturbação no nível de produçãodispara os valores. A Petrobras não foi surpreendida por essanossa reação, ela foi avisada o tempo todo de quepoderíamos chegar a esse momento se não avançássemosnas negociações”, diz.A principalreivindicação dos petroleiros é que o dia dodesembarque das plataformas seja considerado como dia trabalhado, enão como folga, como é atualmente. Pelas regras, a cada14 dias trabalhados, os funcionários têm direito a 21dias de folga. “Queremos que a Petrobras não considere o diado desembarque como um dos 21 dias de folga, mas como um diatrabalhado para gerar folga”, explica Breda.O Sindipetro e aPetrobras ainda não chegaram a um acordo sobre o mínimoque será produzido durante a paralisação paraatender à Lei de Greve, que determina uma produçãomínima nos serviços essenciais. Representantes daempresa e dos trabalhadores estão reunidos desde a manhãde hoje (11) no Ministério Público do Trabalho em Macaé(RJ) para tentar chegar a um consenso.Segundo Breda, se oacordo não for estabelecido, a indicação para ostrabalhadores será a paralisação total daprodução, para que depois sejam negociadas as cotasmínimas.A previsão éque a greve dure cinco dias, mas o Breda diz que, se a Petrobrasoferecer um acordo que agrade aos trabalhadores, as atividades podemvoltar ao normal antes do prazo. A última greve do setor foiem 2001, quando os petroleiros pararam suas atividades por cincodias.Os trabalhadores dos 12sindicatos representados pela Federação Únicados Petroleiros (FUP) também ameaçam parar no fim domês. Na próxima terça-feira (15), o conselhoconsultivo da entidade vai se reunir e apresentar uma proposta degreve, que deverá ser aprovada em assembléia pelostrabalhadores.Neste caso, areivindicação é pelo aumento na participaçãodos lucros da Petrobras, que hoje está em 12,5%. O coordenadorda FUP, Hélio Seidel, explica que houve um aumento no númerode empregados, o que reduziu o valor a que cada um tem direito.“Nosso pleito é que se aumente esse percentual para que sepossa fazer uma distribuição melhor”, diz.A entidade tambémvai reivindicar melhores condições de segurançae uma maior participação na discussão dasmudanças na Lei do Petróleo no Congresso Nacional.Segundo Seidel, arepercussão do anúncio da greve do Sindipetro jáprovocou aumento no preço do barril de petróleo nomercado internacional, que hoje chegou a US$ 146, e as conseqüênciaspodem ser ainda maiores. “Ainda não tenho um montante, mascertamente terá impacto”, comenta.