Garibaldi lamenta falta de qualidade dos debates no Senado

06/07/2008 - 10h13

Marcos Chagas e Priscilla Mazenotti
Repórter da Agência Brasil
Brasília - Presidente tampãohá sete meses, eleito para reconduzir o Senado ànormalidade institucional após a maior crise da históriada Casa vivida em 2007, que culminou com a renúncia do senadorRenan Calheiros (PMDB-AL), o senador Garibaldi Alves Filho (PMDB-RN)encerra o primeiro semestre de sua gestão lamentando a faltade qualidade dos debates travados por seus colegas em plenário.“Hoje, o melhordebate da Casa não é o do Plenário, é odas comissões. São elas que dão oportunidade aodebate”, disse em entrevista à Agência Brasil. De acordo com opresidente do Senado, o que se apresenta hoje são discursosmuitas vezes carentes de argumentos.“No plenáriosó em uma matéria ou outra é que se vê queo debate é produzido. A linguagem é outra e os oradoresdeveriam se preparar mais para o discurso”, aponta Garibaldi. Além dedespreparo, o presidente do Senado considera que boa parte doscolegas é seduzida pelas transmissões ao vivo dassessões plenárias pela rádio e TV oficiais.O alto número desenadores suplentes, 19 de um total de 81, é outro fator que,segundo Garibaldi, contribui para a queda da qualidade nos embatesparlamentares e no trabalho legislativo. “Temos de reconhecerque, é obvio, um suplente que chega hoje não tem aexperiência do titular. A Casa, inicialmente, se ressentedisso, porque como qualquer novato, e o suplente é um novato,daqui que ele vá se adaptar plenamente o Senado vai perderalguma coisa”.Garibaldi, no entanto,se confessa um discípulo do ditado popular “água mole empedra dura tanto bate até que fura”. De dezembro para cá,pondera, além de retomar a normalidade institucional, criou-seno Congresso uma consciência de que alguns problemas têmque ser enfrentados, como a necessidade de se por um fim ao excessode medidas provisórias editadas pelo presidente da Repúblicae o permanente trabalho para se coibir fraudes com recursos doOrçamento da União.O presidente do Senadoestá preocupado que a produtividade da Casa tenha ficado aquémdo desejável. Garibaldi resume sua opinião sobre obaixo desempenho dos senadores em uma só palavra: votar. “Não tenhomuita fixação em determinadas coisas. Queria votar. Nãovotar só os projetos que eu idealizo. Votar até o queeles quisessem, mas votar. E não ficar, como ficamos aqui,duas ou três semanas às vezes sem votar nada”, afirma.A falta de votaçãoGaribaldi debita na conta das lideranças governistas e daoposição. A seu ver, a radicalização deposições por muitas vezes sacrifica o trabalholegislativo desnecessariamente. “As posiçõespolíticas são muito radicais e não levam emconta, muitas vezes, a própria instituição”,disse.Mas o parlamentargarante que ainda se faz política com pê maiúsculona Casa. Prova disso, segundo Garibaldi, aconteceu na semana passadaquando os partidos deixaram de lado a queda-de-braço e votaramo projeto de lei que cria o piso salarial de R$ 950 para osprofessores do ensino básico.“Essa pauta daeducação foi uma coisa exuberante. Estava aí, àvista de todos, era facílimo já ter votado tudo isso.Uma estupenda vitória que poderia já ter vindo”,observa o presidente do Senado.Ciente de que a atualsituação, até mesmo pelas radicalizaçõesde posturas, ainda persistirá por algum tempo, Garibaldimantém a convicção de que o único caminhoé a persistência no aperfeiçoamento legislativo,no intuito de fazer com que o Senado retome a sua imagem históricade Casa dos grandes debates.“Percebe-se que vaicontinuar a ser assim. Não há como se mudar o ritmodessa história de repente. Não se vai mudar. Os atoressão os mesmos, a história é a mesma, a Casa éa mesma. Não tem como. Agora, há uma consciêncianova de que alguma coisa precisa ser feita de uma maneira diferente eisso vai ser feito”.