Marco Antônio Soalheiro
Repórter da Agência Brasil
Brasília - O Sindicato de Hotéis,Restaurantes, Bares e Similares de Brasília (Sindhobar) jáconsidera o corte de postos de trabalho inevitável caso nãohaja uma flexibilização da Lei 11.705, conhecida comoLei Seca, por estabelecer punições rigorosas aosmotoristas que dirigem alcoolizados e proibir a venda de bebidasalcoólicas à beira das rodovias federais. “Recomendamos aosfiliados que agüentem a mão mais um pouquinho. Mas osbares de happy hour são os que mais sofrem, com casasperdendo até 50% de faturamento. Isso é preocupante,porque o garçom fica esperando o cliente que nãoaparece e aí tem que demitir. E já tem estabelecimentodemitindo”, afirmou à AgênciaBrasil o diretor de Desenvolvimento Institucional doSindhobar, Jael da Silva. Os bares e restaurantesda capital federal registram, conforme o sindicato, reduçãomédia de 30% no movimento das últimas semanas. Os donos de baresdecidiram, em assembléia, não adotar uma posiçãoinstitucional na busca de alternativas para o transporte de clientesde modo a evitar que dirijam depois de consumirem bebida alcoólica.Mas há estabelecimentos que já oferecem isoladamente aopção de que um motorista dirija o carro do clientepara a casa na saída, acompanhado de uma moto para o trajetode volta. O preço cobrado, segundo Jael da Silva, éproporcional ao que custaria a corrida de táxi. Uma tentativade convênio entre comerciantes e taxistas não prosperou.“Tentamos fazer umanegociação com o sindicato dos taxistas para ver seeles poderiam fazer uma espécie de serviço de lotaçãoou tarifa diferenciada, mas ficaram um pouco reticentes porque talvezvislumbraram a possibilidade de ganhar mais”, comentou Silva. Pela nova legislação,o motorista que no teste do bafômetro apresentar doisdecigramas de álcool por litro de sangue recebe multa de R$955, tem o veículo apreendido e a carteira recolhida por umano. A AssociaçãoBrasileira de Restaurantes e Empresas de Entretenimento (AbraselNacional) já entrou com ação no SupremoTribunal Federal (STF) em que pede a declaração deinconstitucionalidade de artigos da Lei Seca. “Não somosfavoráveis a que as pessoas dirijam embriagadas, mas a formaque a lei veio é muito radical e violenta, mudando o costumesecular do povo brasileiro de tomar sua cervejinha e confraternizarcom os amigos”, argumentou Silva. No caso específicode Brasília, o diretor sindical avalia que os efeitosnegativos para os estabelecimentos são potencializados pelaineficiência do transporte coletivo. “O metrô nãoconsegue atender a população já na parte damanhã e não funciona depois das 23h30. Na Asa Sul sótem três paradas, e as pessoas têm que se deslocar muito.Falar em ônibus aqui é brincadeira. Os nossos garçonstêm grande problema em voltarem para casa depois das 2h damanhã. Ou fazem uma vaquinha [divisão de custos]para que um que tem carro deixar todo mundo ou esperam até 5hda manhã para poderem ir de ônibus”, criticou Jaelda Silva.