Agência Brasil
Brasília - Os incentivos aos agricultores contido no plano safra lançadonesta semana no Brasil foram citados como exemplo pelos parlamentares argentinos durante a sessão que aprovou o aumento de impostos para as exportações de grãos naquele país. A medida foi aprovada depois de 16 horas desessão.Em discursos no Plenário, osdeputados da oposição citaram o Brasil e os esforçosdo governo brasileiro como um exemplo a ser seguido na Argentina. Os políticos criticaram a Argentina, que, segundo eles,"insiste" no aumento dos impostos.Ainformação é da BBC Brasil."Esta lei nãomudará a realidade da Argentina hoje. Produzimos cada vezmenos leite e carne (...). Enquanto o Brasil, multiplica suaprodução, suas cabeças de gado e já nospassou como maior produtor de carne do mundo", disse o deputadoPedro Morini, da opositora UCR (União Cívica Radical) O deputado AdríanPérez, da Coalizão Cívica, ressaltou o estímulodo governo brasileiro à produção agrícola."O Brasilentendeu a oportunidade histórica que existe hoje para osprodutores agropecuários. O presidente Luiz Inácio Lulada Silva estimula a produção para aumentar asexportações, num momento em que China e Índiaconsomem mais e que o preço do petróleo mudou a cenamundial. E aqui? Vamos na mão contrária, criandobarreiras às exportações", disse Pérez.Outro deputado, oopositor e economista Jorge Sarghini, de um dos setores do PartidoJusticialista, afirmou que o aumento de impostos não reduziráa pobreza, como pretende o governo. "Este imposto subiu no ano passado e nósregistramos mais de 1 milhão de novos pobres. É pobrezaque nasce pela inflação e não por outra coisa",disse. Parlamentares da basegovernista, como Alberto Cantero, presidente da Comissão deAgricultura, entendem que o aumento de impostos "evitará"que os alimentos consumidos pelos argentinos sofram influênciadas altas internacionais de preços. "A nossapreocupação é principalmente com o preçodos alimentos na mesa dos argentinos. É uma decisão depolítica de estado e o início do desenvolvimento daArgentina", disse. Desde que assumiu ocargo, em dezembro do ano passado, a presidente Cristina Kirchnerreforçou diversas vezes em seus discursos que a Argentina deveser um país "industrializado" e não sóprodutor de alimentos. A agropecuáriarepresenta 60% das exportações do país e mais de20% do PIB (Produto Interno Bruto), sendo o principal braço daeconomia argentina. O deputado da basegovernista Miguel Bonasso disse que o novo projeto abre caminho para"industrializar" a Argentina. Quando perguntado por um jornalista argentino se aArgentina não estava "indo na contra-mão doBrasil", ele respondeu: "A Argentina tem que ser um paísindustrializado e não tem que se limitar ao cultivo da soja,como pretende hoje. Argentina é Argentina, Brasil éBrasil. Esta arrecadação vai permitir mais igualdadesocial no país". Segundo estudiosos doConicet (Conselho de Investigação Científica eTécnica), a votação da medida foi a "maistensa" no Congresso Nacional desde a volta da democracia, em1983.A proposta de aumento de impostos foi lançadapelo governo Cristina Kirchner em março passado levando osruralistas a realizarem protestos por 101 dias. As manifestaçõesprovocaram desabastecimento no país e a saída doministro da Economia, Martín Lousteau, além de teremcausado uma queda na imagem positiva da presidente. Por conta do cenáriopouco favorável ao país, Cristina Kirchner mandou otexto ao Congresso Nacional. O projeto foi modificado atéminutos antes da votação, na Câmara dosDeputados, ampliando benefícios para pequenos produtores."Os queproduzirem até 300 toneladas anuais terão impostomenor. As medidas vão favorecer a grande maioria dosprodutores", disse o deputado Augustin Rossi, líder dopartido governista Frente para a Vitória.