Carolina Pimentel
Repórter da Agência Brasil
Brasília - A Comissão deÉtica Pública da Presidência da Repúblicadesignou o padre José Ernane Pinheiro para relatar o caso dadenúncia da suposta interferência da ministra-chefe daCasa Civil, Dilma Rousseff, na venda da Varig. O relator afirmou queirá analisar as matérias divulgadas pela imprensa arespeito do assunto para, depois, avaliar se a ministra deve prestaresclarecimentos à comissão na próxima reuniãomarcada para o dia 4 de agosto."Vamos analisartodas as matérias que saíram oficialmente pela imprensae, se for o caso, pedir mais informações para que agente tenha condições de fazer um relatório. Opedido de informação não é automático,mas as matérias serão avaliadas o mais breve possível”,afirmou Ernane Pinheiro. A expectativa dorelator é analisar o material em quatro dias, o que consistiráem uma avaliação sobre tráfico de influênciae os encontros da ministra com o advogado Roberto Teixeira, compadredo presidente Luiz Inácio Lula da Silva e representante daVarigLog. A ministra jáadmitiu ter se reunido duas vezes, em uma sala de reuniões noPalácio do Planalto, com o advogado Roberto Teixeira paratratar de questões relativas ao leilão da Varig.A suposta interferênciada ministra veio à tona por conta de declaraçõesda ex-diretora da Agência Nacional de AviaçãoCivil (Anac) Denise Abreu de que a ministra teria pressionado aagência a aprovar a venda da Varig para a VarigLog, comandadapelo fundo norte-americano Matlin Patterson e três sóciosbrasileiros. A comissão éum órgão consultivo da Presidência da República,pode apenas sugerir ao presidente Luiz Inácio Lula da Silvasanções a autoridades do primeiro escalão quetenham descumprido o Código de Conduta da Alta AdministraçãoFederal. A palavra final é do presidente. As puniçõesvão desde advertência à demissão.Na últimareunião, no dia 29 de abril, a comissão pediu àministra Dilma Rousseff esclarecimentos sobre o vazamento deinformações do suposto dossiê com gastos doex-presidente Fernando Henrique Cardoso com cartõescorporativos e contas tipo B, motivada por ofício enviadopelos líderes no Senado do PSDB, Artur Virgílio (AM), edo DEM, José Agripino Maia (RN), em que pediam ao órgãoda Presidência que examinasse a conduta da ministra no caso.O presidente dacomissão, Sepúlveda Pertence, disse que as informaçõesfornecidas pela ministra foram convincentes, o que significaarquivamento do pedido. “Não hábase para que a comissão cogite aplicação desanção”, disse Sepúlveda Pertence.