Alana Gandra
Repórter da Agência Brasil
Rio de Janeiro - Oeconomista Edmar Bacha descartou hoje (30) a possibilidade derecrudescimento da inflação no Brasil. “Nãoacredito que vamos voltar a ter 3.000% de inflação”,disse Bacha, ao comentar, em entrevista à AgênciaBrasil, os índices registrados até 1993, antes dolançamento do Plano Real, que faz 14 anos amanhã(30). Apontado como um dosprincipais autores do plano, Bacha destacou a necessidade de sediscutirem agora instrumentos e políticas que devem seradotados agora para evitar que a inflação ultrapasse ameta. Como a meta de inflação para este ano é4,5%, o limite máximo seria de 6,5%. Ele lembrou que, deacordo com o boletim Focus, do Banco Central, os analistaseconômicos projetam inflação em torno de 6,3%para este ano. “Dentro do limite superior da meta”, ressaltou.Segundo o economista, como a meta representa umcomprometimento público do governo e uma orientaçãodo Conselho Monetário Nacional para o Banco Central, todos osbrasileiros devem se preocupar em evitar que o limite superior dameta seja ultrapassado e em assegurar que, em 2009 e 2010, a inflaçãovolte para o centro da meta, que é 4,5%.Para ele, é fundamental que o paístenha uma política fiscal e uma política de créditomais alinhadas com o atual momento inflacionário. Nãose trata apenas de uma inflação “importada”,destacou Bacha. “Temos um problema: a demanda interna estámuito forte para a capacidade de resposta de oferta da economiabrasileira. Isso é um fator preocupante.”O economista disse que é uma demanda forte,que já pressiona os recursos disponíveis e podeacarretar o risco de que a inflação importada extravasepara o conjunto de bens e serviços da economia e provoque “umaespiral de salários e preços, que seria absolutamenteindesejável”. Por isso, acrescentou, a prioridade agora, “defato e não só de boca”, deveria ser o uso demecanismos para segurar o gastos do governo e também o créditopúblico. Para Bacha, a política de aumento de jurosque vem sendo praticada pelo Banco Central é condizente com anecessidade de controle da inflação. “Só nãoqueremos é depender exclusivamente dessa política deelevação de juros. Porque os juros, ao se elevarem,fazem contrair a demanda do setor privado. É preciso que osetor público também dê a sua contribuição,através da contenção do gasto e do créditopúblico”, sugeriu.