Mineradora diz ter superado riscos da poeira de mina de amianto em Goiás

29/06/2008 - 11h24

Roberto Maltchik
Repórter da TV Brasil
Minaçu (GO) - A cada nova explosão,a única mina de amianto do país constrói umpedaço da história de Minaçu. O municípiogoiano, de 30 mil habitantes, vive da exploração de ummineral proibido em 48 países, que emprega 1.100 pessoasentre funcionários e prestadores de serviço da Mineradora Sama, empresa do grupo Eternit. Até o inícioda década de 1980, a poeira de amianto - uma fibra extraídade uma rocha e utilizada na fabricação de telhas e decaixas d´água por conta da resistência ao calor eda durabilidade - acompanhava os funcionários. “A poeiraficava por toda parte. Nós, que trabalhávamos nalimpeza, deixávamos a empresa no fim do expediente com asmesas limpinhas. No outro dia, dava para escrever o nome no póbranco”, recorda José Onofre, que trabalhou na mineradoranas décadas de 60 e 70. A poeira é mortal. Ela seacumula nos pulmões e causa uma doença chamada asbestose, que reduz gradualmente a capacidade respiratória dopaciente. A inalação de amianto também podeprovocar o câncer de pleura, doença que matou cerca de2.400 pessoas no Brasil nos últimos dez anos. “Aopenetrar no pulmão, ela [a poeira] destrói as célulasde defesa e provoca a reação de fibrose. Com o tempo, oindivíduo desenvolve insuficiência respiratória”,explica o pneumologista do Hospital Universitário de BrasíliaRicardo do Melo Martins. Hoje, Minaçu e os funcionáriosda mineradora não convivem mais com o pó assassino.Pesados investimentos em tecnologia foram realizados pela Sama paramanter o amianto confinado no processamento. Filtros na usina tambémasseguram a sucção dos resíduos que poderiamchegar ao meio ambiente. Na hora do ‘desmonte’ - a separaçãodo mineral da pedra - mangueiras e caminhões-pipa garantemumidade suficiente para manter o pó de amianto em solo. “Nascondições de uso do amianto no Brasil para a fabricaçãode telhas e caixas d´água, não há nenhumrisco para quem produz nem para quem consome o produto”, afirma o gerente de Desenvolvimento Tecnológico daSama, Normando Queiroga.A direçãoda empresa estima que poderá continuar explorando amianto emMinaçu por mais 40 anos. A produção anual éde 330 mil toneladas-ano e gera faturamento em torno de R$ 240milhões. Duzentos funcionários se dividem entre a mina e ausina.