Marco Antônio Soalheiro
Repórter da Agência Brasil
Brasília - Apontadopela Associação Brasileira dos Expostos ao Amianto(Abrea) como instrumento usado pelo empresariado da indústriado amianto para cooptar sindicatos, o Instituto Brasileiro deCrisotila (Crisotila Brasil) afirma ter “orgulho” de auxiliar namelhor formação dos trabalhadores do setor por meiodo repasse de verbas exclusivamente, segundo o órgão,à Comissão Nacional dos Trabalhadores do Amianto(CNTA), em obediência a acordo coletivo celebrado. “A CNTAtem membros dirigentes de sindicatos, mas jamais algum sindicatorecebeu qualquer repasse de verba do Instituto Crisotila. Quando aCNTA recebe, a finalidade é objetiva, para prover treinamentode uso controlado pelos trabalhadores”, disse a presidente doCrisotila Brasil, Marina Júlia de Aquino, em entrevista àAgência Brasil. Na denúncia, a Abrea diz que osrecursos pagos pelo Crisotila Brasil à CNTA são gastoscom “eventos sobre defesa do uso mineral.Hásalários de dirigentes sindicais do setor pagos por empresas,mas com a liberação do funcionário paradedicação exclusiva ao sindicato, como ocorre em outrossegmentos. OCrisotila Brasil é uma Organização da Sociedade Civil de Interesse Público (Oscip) e reúne representantes dos empresários dosegmento de fibro-cimento, telhas e caixas d'água, dostrabalhadores e de órgãos públicos. A direçãodo instituto também nega que tenha aplicado R$ 3 milhõesem ações em parceria com a CNTA em 2007, como consta nadenúncia protocolada pela Abrea na OrganizaçãoInternacional do Trabalho (OIT). “R$ 3milhões de reais é o que recebemos de contribuintespara fazer a gestão do instituto, manter todo o custooperacional. Os valores para treinamento são muito menores”,argumentou Marina Júlia, ao informar que o Crisotila Brasiltambém tem a missão de incentivar estudos e pesquisassobre exploração responsável do amianto. Apresidente reconhece que trabalhadores do setor de amianto queatuaram antes da década de 1980 estão doentes, masgarante estar segura de que, no contexto atual, o Crisotila Brasilnão incentiva uma prática que compromete a saúdedos trabalhadores.“Issoestá totalmente superado pela forma segura e controlada como oamianto está sendo explorado. Não há evidênciacientíficas de que as pessoas que hoje trabalham tenhamqualquer doença em função do contato com omineral”.MarinaJúlia não sustenta de forma enfática que adenúncia da Abrea seja fruto de interesses econômicos,mas alega ter conhecimento de que a associação deexpostos ao amianto “fez vários eventos em parceria” com empresas de fibras sintéticas. “Enquanto estivermos [asempresas de amianto] no mercado, as fibras sintéticas nãovão se estabelecer porque têm desempenho inferior ecusto muito superior”. O Crisotila Brasil garante não temer a apuraçãopela OIT da denúncia de cooptação desindicatos. “Vamosnos pronunciar com tranqüilidade e demonstrar claramente que osrepasses são para a CNTA, não para sindicato algum , eajudam o trabalhador a exercer melhor seu papel de fiscalizaçãoda atividade”, ressaltou a presidente.