Governo recua e Senado deve votar imposto para saúde somente após eleições

18/06/2008 - 17h52

Luciana Lima
Repórter da Agência Brasil
Brasília - O governo decidiuesperar as eleições para retomar, no Senado, adiscussão sobre a criação da ContribuiçãoSocial para a Saúde (CSS), tributo que substituirá aContribuição Provisória sobre MovimentaçãoFinanceira (CPMF), extinta no final do ano passado. A decisãofoi tomada na reunião de líderes desta quarta-feira(18). De acordo com o líderdo governo no Senado, Romero Jucá (PMDB-RR), o governo teminteresse em discutir mais a matéria e por isso optou peloadiamento. A proximidade com aseleições foi o fator preponderante para o governorecuar. A defesa da criação do novo imposto iria aomesmo tempo minar a imagem do governo e inflar os ânimos daoposição, por isso Jucá admitiu que o contextopré-eleitoral influenciou na decisão. “Não queremosatrelar isso com eleição municipal. Pelo contrário,queremos é desatrelar da eleição municipal.Temos que ter a responsabilidade e o equilíbrio de discutiressa matéria, que diz respeito a milhões debrasileiros, com muita tranqüilidade, e construir uma soluçãoque dê mais recursos para a saúde”, argumentou.Ao contrário doque ocorreu na Câmara, a oposição e o governotrocaram de lado na defesa da votação do projeto de leique cria a CSS. Na Câmara, aoposição optou por evitar, ou atrasar, ao máximo,a votação. Apelou para manobras regimentais, obstruiuas sessões, mas não conseguiu evitar a aprovaçãoda proposta. Já no Senado, com a perspectiva de vencer ogoverno e derrubar a proposta, a oposição queria fazerum esforço para votar a proposta ainda nesta semana. Na reunião delíderes, o governo conseguiu anular a ação daoposição. O líder do governo, ironicamente,comentou: “A oposição está com muita vontadede votar rapidamente aumento de imposto. Nós nãoestamos. Nós queremos discutir com tranqüilidade”.De acordo com o senadorgovernista, o governo deverá ainda ponderar sobre aviabilidade da criação do imposto. “Temos que verificar,inclusive, se é compatível essa proposta de aumento coma reforma tributária; ouvir o ministro da Saúde, e comtranqüilidade, votar no momento oportuno. Nós nãotemos pressa nem de aprovar nem de rejeitar. Nós queremosfazer tudo com tranqüilidade”, disse o líder.A ironia foi retribuídapelo líder do PSDB no Senado, Arthur Virgílio (AM). “Se a bancadagovernista tem tanto interesse nos recursos que essa contribuiçãopropiciará à saúde, por que adiar a decisãodo Senado para depois das eleições municipais?”,questionou.“Estou de queixocaído. O governo falou o tempo inteiro que precisava de fontenova de financiamento para a saúde. E nós sempredizemos que não precisava. E agora o governo nos diz que nãoquer votar essa tal CSS antes das eleições. O que éque tem eleição a ver com a saúde? Literalmente,nada”, declarou.O senador JoséAgripino (RN), líder do DEM no Senado disse que o partidoapoiará a proposta já defendida pelo presidente doSenado, Garibaldi Alves, de aumentar a taxação decigarros, bebidas e automóveis de luxo e destinar os recursospara a saúde.Nas próximassessões, o Senado irá se dedicar à votaçãode três medidas provisórias que trancam a pauta e aindicação de três embaixadores.