Ex-ministro interino do Meio Ambiente critica governo ao transmitir cargo para Minc

27/05/2008 - 22h27

Luana Lourenço
Repórter da Agência Brasil
Brasília - Ao transmitir o cargo para o novo ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc, o ex-ministro interino da pasta, João Paulo Capobianco, afirmou hoje (27) que o ministério não é visto como uma pasta estratégica por outros representantes do governo.“O Ministério do Meio Ambiente não é visto como um ministério de primeira classe neste governo. Não podemos deixar de explicitar isso, porque para boa parte do governo o MMA é um licenciador ambiental, não é estratégico”, pontuou Capobianco, que foi secretário-executivo da gestão Marina Silva e assumiu a pasta interinamente por uma semana.Ao citar o Plano Amazônia Sustentável (PAS), lançado pelo governo federal no último dia 11, Capobianco disse que “é sintomático” que o programa não fique sob a gestão do MMA.A coordenação do PAS foi entregue ao ministro extraordinário de Assuntos Estratégicos, Roberto Mangabeira Unger. “Não deram ao Ministério do Meio Ambiente a responsabilidade de geri-lo [o PAS]. O que cabe ao MMA então?”, questionou.Capobianco afirmou que a gestão de Minc terá o desafio de “tirar o MMA do isolacionismo” e “internalizar” no governo a necessidade de aliar crescimento econômico com desenvolvimento sustentável.O ex-secretário-executivo afirmou que a resolução do Conselho Monetário Nacional, que a partir de 1° de julho condicionará a concessão de financiamento agrícola ao cumprimento da legislação ambiental “corre o risco de ser derrubada”.Ao deixar o ministério, Marina Silva apontou a existência de pressões dos governadores de Mato Grosso, Blairo Maggi, e de Rondônia, Ivo Cassol, para que as medidas fossem flexibilizadas.“[A resolução do CMN] corria o risco e corre o risco de ser derrubada. Por isso, a decisão da Marina de fazer esse movimento político [pedido de demissão] para dar uma sobrevida à agenda ambiental do país”, completou.